Facebook
  RSS
  Whatsapp
Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Notícias /

Geral

18/10/2013 - 14h14

Compartilhe

18/10/2013 - 14h14

Amor pela terra natal fortalece piauienses e eleva espírito de superação no Sertão

Piauienses dão exemplo de apego ao lugar de origem. Em uma das regiões mais secas do Estado, sertanejos externam o amor pelo Piauí.

A paisagem semiárida, adornada pela cor acinzentada da caatinga, para muitos parece formar unicamente um cenário de melancolia. Mas, não é bem assim. Aonde a seca castiga existe algo mais forte que os efeitos da falta de chuvas. Quem vive no sertão enfrenta as dificuldades e faz delas um combustível para continuar lutando na terra amada. O amor pelo lugar em que nasceram supera os desafios enfrentados por esses ilustres filhos do Piauí.

 

No município de Dom Inocêncio, distante 615 km de Teresina, exemplos de apego ao lugar de origem não faltam. Seu Ivanildo Dias, 68 anos, mora em Poço Danta, uma comunidade rural a 7 km da zona urbana. Com a seca dos últimos dois anos ele contabiliza diversos prejuízos, mesmo assim não perde a alegria de viver no pedaço de chão em que nasceu. Após o fim da labuta diária ele pega um violão e toca no terreiro de sua casa até o anoitecer.

 

O violão é um inseparável companheiro de seu Ivanildo. (Foto: Gustavo Almeida/Liberdade News)

 

Seu Ivanildo criou todos os filhos ali e sempre enfrentou de cabeça erguida os desafios encontrados. Durante todos esses anos nunca pensou em deixar o Piauí. O violão, as amizades, os parentes e o amor pelo Sertão sempre foram sua fortaleza. “Dou valor isso aqui [terra natal]. A melhor coisa que eu acho na vida é ficar aqui e labutar com esses bichos”, revela.

 

O amor pelo Piauí é tão forte que também ultrapassa fronteiras sem ser afetado. Nivalda Maria de Almeida é um exemplo de “fidelidade” à terra natal mesmo estando longe. Em 1977 ela deixou Dom Inocêncio rumo a São Paulo. A migrante sonhava em se formar. “Queria estudar, sonhava com uma faculdade, pois eu era muito jovem, cheia de sonhos”, relata.

 

Após um início difícil na cidade grande ela foi aprovada no vestibular e cursou Letras na Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é professora da rede pública municipal da capital paulista, já na iminência de se aposentar. Mesmo estando há 36 anos em São Paulo, ela pretende voltar para o Piauí nos próximos anos e morar na mesma casa onde nasceu, na localidade Jacaré, zona rural de Dom Inocêncio. O amor pela terra natal sempre falou mais alto. “Este sempre foi o meu desejo e parece que o universo conspirou a meu favor”, diz ela.

 

Para Nivalda, sair do 22º andar de um prédio no centro de São Paulo para uma localidade rural no Piauí é apenas a realização de um desejo. “Pretendo, de alguma maneira, contribuir para a grandeza de meu lugar, de minha gente. Deus se encarregará disso”, finaliza.

 

Nivalda quer voltar para o interior de Dom Inocêncio, cidade do semiárido piauiense. (Foto: Gustavo Almeida)

 

O amor do piauiense é facilmente percebido, inclusive por pessoas de outros estados. Maria Augusta Mattos, professora aposentada do Departamento de Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), viveu durante alguns anos no sertão do Piauí. Juntamente com outros profissionais da universidade ela desenvolveu trabalhos educacionais na Fundação Ruralista, entidade que atuava na região com o objetivo principal de fixar o homem sertanejo na terra natal.

 

Sem dúvida, o piauiense que conheci, das cidades de São Raimundo Nonato e Dom Inocêncio é extremamente simpático e hospitaleiro. É um povo sofrido, mas muito confiante e alegre. Sobretudo, é um povo aberto, que assimila outras culturas e que, assim, progride e encontra novos caminhos”, comenta.

 

Maria Augusta conta que viu de perto o apego dos piauienses pela terra de origem e fala da união do povo. “Aquilo que vi nas minhas idas ao Piauí me revelou que as pessoas enfrentam juntas as dificuldades, com destaque para o grande problema da seca”, diz.

 

A professora relata que sente saudades das pessoas piauienses, dos umbus, da umbuzada, de participar das festas de Santo Reis e de várias outras experiências que vivenciou na região.

 

Ela encerra destacando a importância da terra natal percebida no povo piauiense. “Na própria terra o homem constrói sua casa, tira seu sustento, cria sua família, mantém seus laços de parentesco. Na própria terra, o homem tem sua dignidade intacta”, conclui Maria Augusta.

Gustavo Almeida, do Liberdade News

Comentários