A cada dia que passa o drama dos moradores do semiárido piauiense aumenta. Com a terrível seca de 2012, considerada a maior das últimas décadas, a rotina dos sertanejos mudou e ficou ainda mais difícil. Falta água nos reservatórios, falta pasto nas roças e sobra trabalho árduo para o homem do campo.
No município de Dom Inocêncio, 615 km de Teresina, a estiagem castiga homens e animais sem nenhuma piedade. Os pequenos criadores que vivem do campo e que aquecem a economia do município lutam diariamente para alimentar os animais. Nas roças não existe pastagem, tudo secou no chão ressequido do sertão.
A alternativa do sertanejo é embrenhar-se na mata a procura do mandacaru, alimento utilizado em tempos de crise. A planta encontrada na caatinga é cortada, depois queimada para eliminação dos espinhos e em seguida é servida aos animais.
Com o agravamento da estiagem o preço da ração industrial sobe cada vez mais e impede o pequeno criador de manter o rebanho a base do produto, por isso o mandacaru tornou-se preciosidade. Em entrevista a nossa reportagem, o comerciante Assis, proprietário de um comércio de rações da cidade, diz que o saco de milho está sendo vendido por R$ 50,00, enquanto o do resíduo já está custando R$ 55,00.
Assis conta que o produto é comprado direto da fábrica na Bahia. O comerciante relata que a maioria dos criadores não tem condições de manter o criatório somente à base do produto. - “Dá dó ver um pequeno criador tendo que gastar R$ 600,00 no mês com ração.” – conta. Assis revela que localidades como Caititu e Sal são umas das que mais compram o produto.
Mesmo com o esforço dos criadores, alguns animais acabam morrendo. Nas beiras de estrada, é comum a presença de bichos vitimados pela seca. Na localidade Poço Danta, interior do município, nossa reportagem foi até o local onde uma vaca acabara de morrer. O animal, já desejado pelos urubus, foi apenas mais um que não resistiu às imposições do tempo. Enquanto a seca não passa, o sertanejo luta incansavelmente com a esperança de dias melhores.
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