Há séculos o Nordeste brasileiro sofre com o flagelo causado pela seca. Na região onde a chuva é escassa e a labuta do povo é imensa, a falta de uma política eficiente de enfrentamento a estiagem persiste ao longo dos séculos. Bolsões do governo, distribuição de sementes, construção de cisternas e uso de caminhões-pipa são as ações mais comuns vistas para enfrentar a devastadora ação da seca.
Historicamente, a dependência do poder público fez do povo sertanejo um balcão de negócios para políticos. Diante do sofrimento e da desgraça vivida pelos flagelados, os governantes enxergavam uma bela oportunidade de angariar votos e preservar o cenário para pleitos eleitorais vindouros. Hoje, em pleno século XXI, a realidade nos rincões do nordeste brasileiro mudou, mas ainda está longe de chegar ao desejado pelo povo da região. Muitos ainda continuam a ver a área como uma oportunidade de reunir votos.
Desde 2011, o Nordeste enfrenta uma das piores secas das últimas décadas. Sertanejos deixam a terra natal, rebanhos inteiros são dizimados, plantações se perdem no chão esturricado, e o pior, falta água para consumo humano em muitos lugares. Diante de tanto sofrimento, os governantes da atualidade prometem ações eficazes, mas elas parecem caminhar para o Sertão a passos de tartaruga.
No Piauí, onde 211 dos 224 municípios estão em situação de emergência, o drama vivido pela população do semiárido parece não ter fim. E a principal forma de socorrer o povo é por meio de carros-pipa. O governo do estado mantém atualmente 680 veículos cadastrados para dar o que beber aos sertanejos. “São políticas emergenciais que nem de longe resolvem o problema. São políticas paliativas”, diz Daniel Cavalcante, do município de Dom Inocêncio, no semiárido do estado.
Nesta primeira semana de setembro, técnicos da Secretaria Estadual da Defesa Civil do Piauí fizeram levantamento das necessidades emergenciais da população nos municípios de Queimada Nova, Lagoa do Barro, Paulistana, Betânia, Capitão Gervásio Oliveira e Campo Alegre do Fidalgo.
De acordo com o diretor de unidade de Defesa Civil, Jerry Herber, grande parte dos mananciais desses municípios estava com água inapropriada para o consumo, havendo a necessidade de se buscar outras alternativas em locais mais distantes, razão suficiente, segundo ele, para o envio de carros-pipa que assegurem o abastecimento de água para as localidades.
Desde o início da seca, o governador determinou à Defesa Civil a contratação de caminhões-pipa para atender a todas as comunidades em situação de dificuldade de acesso à agua, programa que também conta com a parceria do Exército Brasileiro.
Em pleno ano 2013 a rotina vai se repetindo. O ciclo continua: não chove, falta água e o poder público “socorre” o povo com a medida de sempre. Enquanto não chove nas quebradas do sertão, o governo apresenta sua predileta solução. É o caminhão-pipa que traz água para a sedenta população e no ano seguinte se repete a mesma situação.
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