Cerca de 180 pequenas barragens, também chamadas de barraginhas, foram construídas em 90 municípios do Semiárido piauiense. São reservatórios com estrutura suficiente para o acúmulo de até 8 milhões de metros cúbicos de água, construídas em propriedades rurais abertas à comunidade.
Segundo o governo do Piauí, os investimentos na construção das pequenas barragens chegam a R$ 9 milhões. Cada unidade custa R$ 41 mil e exige uma área de dois hectares para a formação do lago. “A barragem não pode ter cerca, tem que ser aberta à população”, avisa o secretário do Desenvolvimento Rural, Rubem Martins, responsável pelo programa.
“Foi uma benção!”, comemora dona Eva Genésia Rodrigues, moradora da localidade Angical, na zona rural de Paulistana, a 500 quilômetros de Teresina. Ela conta que em sua propriedade até os jumentos estavam morrendo de sede.
“Depois da barragem não morreu mais nenhum bicho”, garante. A barragem na propriedade de Eva Rodrigues foi construída em 2011 e só encheu uma vez. Mesmo assim, já passa pela segunda seca seguida e ainda mantém água em seu reservatório. “Muita gente também usa a água da barragem para lavar roupa. Antes, a gente era obrigada a cavar cacimba de areia. Nossa vida era muito difícil”, explica.
Na região de Paulistana, segundo dados do Emater, as chuvas este ano não passaram de 256 milímetros, bem abaixo dos 600 milímetros de um bom inverno.
“Há dois anos não se tira nada da roça, mas água para beber e para os bichos a gente tem”, diz Francisca Maria da Conceição, uma sertaneja que já passou por várias secas. Moradora da localidade Data Ingá, no município de Acauã, a 463 quilômetros da capital, Francisca Maria usa água de uma barraginha construída na propriedade ao lado. “O inverno foi muito fraco, mas a pouca água que caiu ficou na barragem e é lá que os moradores se abastecem”, conta ela.
Em Queimada Nova, a 522 quilômetros de Teresina, o quadro se repete. Na localidade Contendas, a 24 quilômetros do Centro da cidade, os moradores também comemoram a construção da barraginha. “Aqui não choveu quase nada, mas o pouco que caiu formou um pequeno lago que alimenta os animais até hoje. Com um bom inverno, vamos ter água o ano inteiro”, explica o professor primário Justino Silva.
Em Sussuarana, outra localidade de Queimada Nova, as chuvas também foram poucas, mas os moradores ainda dispõem de água para os animais. “A última chuva foi em março, mas mesmo assim ainda juntou água”, diz o morador Idelfonso Ferreira.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.