O babaçu, palmeira brasileira explorada em diversas atividades econômicas, terá destaque nas discussões realizadas na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC, que começou neste domingo (22) em São Luis.
O encontro, que segue até a próxima sexta-feira (27), pega carona na discussão sobre erradicação da pobreza iniciada na Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em junho.
Desta vez, especialistas de diversas universidades do país serão norteados pelo tema "Ciência, cultura e saberes tradicionais para enfrentar a pobreza", mas sem deixar de lado a discussão sobre a busca pela inovação da ciência no país, as linhas de pesquisa já exploradas e o futuro do programa aeroespacial brasileiro, que mantém uma base de lançamentos no Maranhão.
Extrativismo como sustento das famílias
Considerada uma alternativa de combate à pobreza, a cultura do babaçu terá nesta edição da SBPC, já que o Maranhão é maior produtor de coco babaçu do país e responsável por mais de 90% da safra. De sabão a óleo comestível, mais tarde transformado em margarina, as amêndoas retiradas do coco de babaçu auxiliam milhares de famílias no estado, principalmente as mulheres, chamadas de quebradeiras, cuja imagem já foi incorporada ao folclore da região.
Esta exploração extrativista será tema de ao menos cinco debates, que vão discutir a função social da atividade, o impacto na vida das quebradeiras e como a subsistência de populações no Nordeste do país. No dia 25, durante a conferência "A luta pelo acesso livre aos babaçuais", mulheres que integram o Movimento Interestadual das quebradeiras de coco babaçu (MIQCB) vão apresentar sua experiência e contar como a vida delas mudou após melhorias nesta atividade.
O grupo tem apoio de vários movimentos sociais, reforçado na década de 1980 durante conflitos agrários na região. A partir da necessidade de pressionar por mais acesso aos babaçuais, evitando disputa de terras com fazendeiros, as quebradeiras de coco começaram a se articular e criaram o MIQCB.
Segundo Francisca da Silva Nascimento, coordenadora executiva do MIQCB no Piauí (a organização está instalada ainda no Maranhão, Tocantins e Pará), apesar de uma evolução na atividade nos últimos anos, a realidade ainda é difícil nos quatro estados.
"Muitas quebradeiras são duplamente exploradas, primeiro pelos fazendeiros, que restringem seu acesso aos babaçuais, depois pelos atravessadores, que repassam a amêndoa aos donos de fábricas de óleo e sabonete. Não podemos deixar de citar ainda que em muitas regiões as indústrias que utilizam o babaçu, como a do carvão, querem transformar as quebradeiras em catadeiras, através de falsas ilusões e promessas”, afirmou.
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