O Brasil terá neste sábado, 03 de julho, as primeiras manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após o superpedido de impeachment protocolado na Câmara dos Deputados. Apoiados por sindicatos, partidos de esquerda, centro e até direita, os atos devem ocorrer em ao menos 290 cidades no Brasil e em outros sete países, de acordo com os organizadores.
Chamada "3JForaBolsonaro", a megamanifestação nacional estava prevista para o fim do mês, mas foi antecipada após as acusações de crime de prevaricação no caso da compra da vacina Covaxin. Nesta semana, os eventos ganharam aderência de quadros de fora da esquerda, que havia prevalecido nos últimos protesto.
Além dos sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda, as manifestações deste sábado também foram endossadas por partidos de centro e direita. O PSDB convocou seus filiados pela primeira vez.
A expectativa dos organizadores dos protestos é que a intensificação dos atos de rua pressione as legendas de centro-direita hoje contrárias ao impeachment, como PSDB, PSD e PMDB, além dos partidos do Centrão, a reverem sua posição sobre o tema.
Para isso, seriam necessários protestos grandes e em trajetória crescente, algo que pode esbarrar na falta de capacidade de mobilização e no receio de ir às ruas enquanto a pandemia ainda não está sob controle.
Nas convocações, os organizadores sugerem comportamentos para evitar a propagação do vírus, como ir a pé, de bicicleta, moto ou carro ao protesto, usar máscaras de qualidade a todo o momento, higienizar as mãos com álcool em gel com frequência e manter distanciamento social.
Protesto em Teresina-PI
Para o diretor do Sintsprevs-Pi, Inacio Schuck, as causas para impeachment "sobram". "Se o "mito" julgava-se o "Messias Patriota", o que de fato nunca foi, hoje ele retorna ao Centrão, lugar onde ele fez carreira política e agora deixa nua mais ainda a sua verdadeira índole. Quando foi deputado deixou o legado comprovado das rachadinhas de gabinetes e, agora na presidência, revela a sua conivência com a corrupção na saúde, com o superfaturamento na compra de vacinas que foi planejado pelo líder do Centrão e do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná", argumenta.
Na capital piauiense os organizadores se concentram às 9 h, na Praça de Rio Branco, centro da cidade. Em seguida realizam uma passeata pelas ruas do centro comercial e pela avenida Frei Serafim.
Impeachment
Para os opositores de Bolsonaro, o escândalo de corrupção se materializou com as denúncias envolvendo a compra de vacinas. Apesar de o presidente já ter se envolvido em outros casos nessa seara, como com Fabrício Queiroz e valores depositados na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, corrupção na compra de vacinas é um assunto muito mais explosivo, considerando que a pandemia já matou mais de 520 mil brasileiros.
A agenda da CPI nas próximas duas semanas será tomada por depoimentos que irão aprofundar a investigação sobre esse tema.
A crise econômica que se abateu no país durante a pandemia deu sinais de ter passado, mas os efeitos são sentidos de forma muito desigual pela população. No primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% comprado com o trimestre anterior, o que levou o PIB ao mesmo patamar do quarto trimestre de 2019, antes da pandemia.
Por outro lado, o país nunca teve tantos desempregados e a pobreza extrema está em seu maior nível desde o início da série histórica. Uma nova alta no preço da commodities contribui para a entrada de recursos no país, mas a crise hídrica com reflexo no sistema elétrico, com aumento da tarifa de luz, piora o cenário.
No quesito mobilizações de rua, os atos contra o presidente começaram há cerca de um mês, e apesar de crescentes são menores e mais recentes do que os que antecederam a queda de Dilma. A popularidade de Bolsonaro está em nível baixo, mas é superior à de Dilma e de Fernando Collor quando eles sofreram impeachment.
Segundo pesquisas realizadas nas últimas duas semanas por Ipec, PoderData e Extra/Idea, cerca de metade da população (de 50% a 54%) considera o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, e cerca de um quarto (de 23% a 28%) considera seu governo ótimo ou bom. Quando Dilma caiu, apenas 13% consideravam seu governo ótimo ou bom, e Fernando Collor pontuava 9% quando renunciou ao mandato.
Bolsonaro também não tem enfrentado significativa perda de sustentação no Congresso. Lira segue protegendo o presidente, e a aproximação pragmática do Planalto com o Centrão continua em funcionamento. O painel "Adeus Bolsonaro", criado pelo MBL para contar quantos deputados são a favor do impeachment, registrava nesta sexta 107 votos, 235 a menos do que o necessário.
Além disso, grandes organizações empresariais com ascendência sobre os parlamentares, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que apoiaram o impeachment de Dilma, não se posicionam da mesma forma em relação a Bolsonaro.
Um elemento que pode afetar esse equilíbrio é a evolução do caso Covaxin, que envolve Barros, um dos líderes do Centrão. Setores da centro-direita e da direita também consideram na equação do impeachment a chance de construir uma terceira via a um embate entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Nessa perspectiva, para alguns, retirar Bolsonaro antes da eleição poderia abrir mais espaço para um outro nome enfrentar Lula.
Chamada "3JForaBolsonaro", a megamanifestação nacional estava prevista para o fim do mês, mas foi antecipada após as acusações de crime de prevaricação no caso da compra da vacina Covaxin. Nesta semana, os eventos ganharam aderência de quadros de fora da esquerda, que havia prevalecido nos últimos protesto.
Além dos sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda, as manifestações deste sábado também foram endossadas por partidos de centro e direita. O PSDB convocou seus filiados pela primeira vez.
A expectativa dos organizadores dos protestos é que a intensificação dos atos de rua pressione as legendas de centro-direita hoje contrárias ao impeachment, como PSDB, PSD e PMDB, além dos partidos do Centrão, a reverem sua posição sobre o tema.
Para isso, seriam necessários protestos grandes e em trajetória crescente, algo que pode esbarrar na falta de capacidade de mobilização e no receio de ir às ruas enquanto a pandemia ainda não está sob controle.
Nas convocações, os organizadores sugerem comportamentos para evitar a propagação do vírus, como ir a pé, de bicicleta, moto ou carro ao protesto, usar máscaras de qualidade a todo o momento, higienizar as mãos com álcool em gel com frequência e manter distanciamento social.
Protesto em Teresina-PI
Para o diretor do Sintsprevs-Pi, Inacio Schuck, as causas para impeachment "sobram". "Se o "mito" julgava-se o "Messias Patriota", o que de fato nunca foi, hoje ele retorna ao Centrão, lugar onde ele fez carreira política e agora deixa nua mais ainda a sua verdadeira índole. Quando foi deputado deixou o legado comprovado das rachadinhas de gabinetes e, agora na presidência, revela a sua conivência com a corrupção na saúde, com o superfaturamento na compra de vacinas que foi planejado pelo líder do Centrão e do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros, do PP do Paraná", argumenta.
Na capital piauiense os organizadores se concentram às 9 h, na Praça de Rio Branco, centro da cidade. Em seguida realizam uma passeata pelas ruas do centro comercial e pela avenida Frei Serafim.
Impeachment
Para os opositores de Bolsonaro, o escândalo de corrupção se materializou com as denúncias envolvendo a compra de vacinas. Apesar de o presidente já ter se envolvido em outros casos nessa seara, como com Fabrício Queiroz e valores depositados na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, corrupção na compra de vacinas é um assunto muito mais explosivo, considerando que a pandemia já matou mais de 520 mil brasileiros.
A agenda da CPI nas próximas duas semanas será tomada por depoimentos que irão aprofundar a investigação sobre esse tema.
A crise econômica que se abateu no país durante a pandemia deu sinais de ter passado, mas os efeitos são sentidos de forma muito desigual pela população. No primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% comprado com o trimestre anterior, o que levou o PIB ao mesmo patamar do quarto trimestre de 2019, antes da pandemia.
Por outro lado, o país nunca teve tantos desempregados e a pobreza extrema está em seu maior nível desde o início da série histórica. Uma nova alta no preço da commodities contribui para a entrada de recursos no país, mas a crise hídrica com reflexo no sistema elétrico, com aumento da tarifa de luz, piora o cenário.
No quesito mobilizações de rua, os atos contra o presidente começaram há cerca de um mês, e apesar de crescentes são menores e mais recentes do que os que antecederam a queda de Dilma. A popularidade de Bolsonaro está em nível baixo, mas é superior à de Dilma e de Fernando Collor quando eles sofreram impeachment.
Segundo pesquisas realizadas nas últimas duas semanas por Ipec, PoderData e Extra/Idea, cerca de metade da população (de 50% a 54%) considera o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, e cerca de um quarto (de 23% a 28%) considera seu governo ótimo ou bom. Quando Dilma caiu, apenas 13% consideravam seu governo ótimo ou bom, e Fernando Collor pontuava 9% quando renunciou ao mandato.
Bolsonaro também não tem enfrentado significativa perda de sustentação no Congresso. Lira segue protegendo o presidente, e a aproximação pragmática do Planalto com o Centrão continua em funcionamento. O painel "Adeus Bolsonaro", criado pelo MBL para contar quantos deputados são a favor do impeachment, registrava nesta sexta 107 votos, 235 a menos do que o necessário.
Além disso, grandes organizações empresariais com ascendência sobre os parlamentares, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que apoiaram o impeachment de Dilma, não se posicionam da mesma forma em relação a Bolsonaro.
Um elemento que pode afetar esse equilíbrio é a evolução do caso Covaxin, que envolve Barros, um dos líderes do Centrão. Setores da centro-direita e da direita também consideram na equação do impeachment a chance de construir uma terceira via a um embate entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Nessa perspectiva, para alguns, retirar Bolsonaro antes da eleição poderia abrir mais espaço para um outro nome enfrentar Lula.
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