O vídeo divulgado nessa segunda-feira, 18/02, por Jair Bolsonaro após o anúncio oficial da exoneração de Gustavo Bebianno foi gravado por exigência do ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República.
O jornalista Jozias de Sousa apurou que o conteúdo da fala do presidente foi minuciosamente negociado com o ministro demitido. Bolsonaro mimou Bebianno, recobrindo-o de elogios, no pressuposto de que receberá em troca o silêncio do ex-coordenador de sua campanha presidencial.
Apenas Bolsonaro e Bebianno conhecem na plenitude os segredos que compartilham. Mas o desfecho da negociação sinaliza o potencial destrutivo de uma eventual inconfidência. Numa articulação que teve o ministro Onyx Lorenzonni (Casa Civil) como principal intermediário, Bebianno esclareceu que não aceitaria calado a "humilhação" de ser exonerado sob as pechas de desleal, incompetente e corrupto. Inicialmente, Bolsonaro deu de ombros. Comportava-se como se não tivesse o que recear. As conversas do final de semana suavizaram-lhe as convicções.
Comparado com os termos da entrevista que Bolsonaro concedeu a Record, o teor do vídeo pós-demissão transformou Bolsonaro numa espécia de ex-Bolsonaro. Antes, o presidente dissera uma coisa. Depois, declarou o seu oposto.
No vídeo repassado aos jornalistas na noite desta segunda-feira (18), um Bolsonaro bem ensaiado, muito diferente daquele personagem espontâneo das transmissões ao vivo via redes sociais, ladrilhou com pedrinhas de brilhante o caminho pecorrido por Bebianno desde a coordenação da campanha presidencial até a poltrona de ministro, passando pelo período em que exerceu o comando de um PSL cítrico. O que era suspeição virou crença na "seriedade e qualidade de seu trabalho".
Na prática, Bebianno como que puxou Bolsonaro para dentro do micro-ondas em que o presidente o havia colocado, numa ação executada em conjunto com o filho Carlos Bolsonaro. Quem ouve o Bolsonaro do vídeo desdizendo o presidente da entrevista de seis dias atrás se pergunta: Mas, afinal, o que levou Bolsonaro a demitir Bebianno? "Razões de foro íntimo", declarou, enigmático, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros.
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Josias de Souza é jornalista, no Blog do Josias.
O jornalista Jozias de Sousa apurou que o conteúdo da fala do presidente foi minuciosamente negociado com o ministro demitido. Bolsonaro mimou Bebianno, recobrindo-o de elogios, no pressuposto de que receberá em troca o silêncio do ex-coordenador de sua campanha presidencial.
Apenas Bolsonaro e Bebianno conhecem na plenitude os segredos que compartilham. Mas o desfecho da negociação sinaliza o potencial destrutivo de uma eventual inconfidência. Numa articulação que teve o ministro Onyx Lorenzonni (Casa Civil) como principal intermediário, Bebianno esclareceu que não aceitaria calado a "humilhação" de ser exonerado sob as pechas de desleal, incompetente e corrupto. Inicialmente, Bolsonaro deu de ombros. Comportava-se como se não tivesse o que recear. As conversas do final de semana suavizaram-lhe as convicções.
Comparado com os termos da entrevista que Bolsonaro concedeu a Record, o teor do vídeo pós-demissão transformou Bolsonaro numa espécia de ex-Bolsonaro. Antes, o presidente dissera uma coisa. Depois, declarou o seu oposto.
No vídeo repassado aos jornalistas na noite desta segunda-feira (18), um Bolsonaro bem ensaiado, muito diferente daquele personagem espontâneo das transmissões ao vivo via redes sociais, ladrilhou com pedrinhas de brilhante o caminho pecorrido por Bebianno desde a coordenação da campanha presidencial até a poltrona de ministro, passando pelo período em que exerceu o comando de um PSL cítrico. O que era suspeição virou crença na "seriedade e qualidade de seu trabalho".
Na prática, Bebianno como que puxou Bolsonaro para dentro do micro-ondas em que o presidente o havia colocado, numa ação executada em conjunto com o filho Carlos Bolsonaro. Quem ouve o Bolsonaro do vídeo desdizendo o presidente da entrevista de seis dias atrás se pergunta: Mas, afinal, o que levou Bolsonaro a demitir Bebianno? "Razões de foro íntimo", declarou, enigmático, o porta-voz Otávio do Rêgo Barros.
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Josias de Souza é jornalista, no Blog do Josias.
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