O presidente Michel Temer (PMDB) teve vitória expressiva, na noite desta quarta-feira (2), com a rejeição do pedido para o prosseguimento das investigações contra ele na Operação Lava Jato. Com 263 votos a seu favor, Temer não sentiu o impacto das dissidências em sua base aliada no resultado final. Mas elas existiram – e já preocupam o governo, pois matérias como a da reforma da Previdência, principal desafio do Planalto daqui para a frente, exigem ao menos 308 votos em plenário. Entre os 227 votos contrários ao presidente (115 votos a menos que o necessário, 342), 106 foram dados por integrantes dos 11 partidos que ocupam ministérios no atual governo. As “traições” vieram até do PMDB de Temer: seis peemedebistas negaram apoio ao presidente para escapar do Supremo Tribunal Federal (STF).
Jarbas Vasconcelos (PE), Veneziano Vital do Rêgo (PB), Sérgio Zveiter (RJ), Laura Carneiro (RJ), Celso Pansera (RJ) e Vitor Valim (CE) votaram pelo prosseguimento das investigações contra o presidente. Como o partido fechou questão em defesa de Temer, eles estão sujeitos a punições como afastamento de cargos de direção e até expulsão.
Mas foi no PSDB, que comanda quatro ministérios, que a divisão foi mais evidente: 22 tucanos se posicionaram a favor do presidente, e outros 21 se manifestaram em favor das investigações. Outros quatro faltaram à sessão. Em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (2), a liderança do partido decidiu orientar o voto pela continuidade da denúncia contra Temer, mas, ao mesmo tempo, liberar a bancada para votar como quisesse. A ala contrária às apurações foi reforçada pelos ministros Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, e Bruno Araújo, das Cidades, exonerados por um dia pelo presidente, apenas para votar a favor dele na Câmara.
Fora, mas dentro
Embora se declare oposição, o PSB ainda tem o titular do Ministério de Minas e Energia, o deputado Fernando Coelho Filho (PE). Ele também reassumiu o mandato na Câmara para votar com Temer. Além dele, outros dez apoiaram o presidente, inclusive a líder da bancada, Tereza Cristina (MS), integrante da bancada do agronegócio que, nos últimos dias, foi beneficiada pelo presidente com medidas provisórias e outras sinalizações na pauta legislativa. Na outra ponta ficaram 22 deputados do partido, que apoiaram o andamento das investigações.
Outro que também anunciou rompimento com o governo, mas ainda comanda uma pasta, a da Defesa, o PPS deu apenas um voto a favor de Temer – o relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (BA). Ministro da Cultura até o fim de maio, Roberto Freire (SP) alegou fidelidade partidária para votar contra o ex-chefe. Assim como ele, outros oito integrantes do PPS apoiaram a investigação do presidente.
Também registraram “traições” na base aliada os seguintes partidos que ocupam ministério: o DEM (5 dissidências), o PP (7), o PR (9), o PRB (7), o PSD (14), o PTB (2) e o PV (4). Na oposição, o PT, o PCdoB, o Psol e a Rede tiveram 100% de fidelidade em relação à orientação contra Temer. No PDT houve apenas a dissidência de Roberto Góes (AP).
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