A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou relatório contrário à aceitação da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. Ao todo, 40 deputados votaram a favor de Temer. Esses parlamentares somaram R$ 134 milhões em empenhos para emendas só no mês de junho. Dos 40 votos a favor de Temer, 36 tiveram empenhos para emendas em junho, logo antes da votação.
O deputado que mais teve recursos comprometidos para suas iniciativas por meio de emendas em junho foi Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), relator do parecer contrário à aceitação da denúncia de Temer, o segundo votado pela CCJ. O parlamentar é aliado do governo e teve R$ 5,1 milhões empenhados no mês passado.
"Trata-se de uma ficção, pois a denúncia não é capaz de responder questões fundamentais", resumiu Abi-Ackel sobre o relatório aprovado. "O presidente recebeu R$ 500 mil, onde, como, no Brasil ou no exterior? Nenhuma resposta há sobre qualquer uma dessas indagações", disse.
Na lista de maiores beneficiados por emendas também está o deputado Beto Mansur (PRB-SP), que contou com empenhos de R$ 5 milhões. Mansur foi colocado na CCJ dois dias antes da votação, em um dos troca-trocas promovidos por Temer. O parlamentar, vice-líder do governo, entrou no lugar de Lincoln Portela (PRB-MG).
Outro defensor ferrenho de Temer, Carlos Marun (PMDB-MS) também poderá contar com R$ 5 milhões em emendas comprometidas em junho. Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo, entra no lugar de Lincoln Portela (PRB-MG). Marun (PMDB-MS) também participou da troca de cadeiras na CCJ e entrou na vaga de José Fogaça (PMDB-RS), que passou para a suplência.
Ao todo, R$ 2 bilhões foram empenhados só no mês passado para parlamentares de 27 partidos e bancadas estaduais. Os pemedebistas contaram com R$ 284,2 milhões empenhados para emendas de seus parlamentares. Já as bancadas do Maranhão, Rio Grande do Norte e Roraima tiveram empenhados R$ 220,4 milhões empenhados em junhos e contabilizaram seis votos a favor de Temer na Comissão.
Por 41 votos, sendo uma abstinência, a 24, o colegiado garantiu uma primeira vitória a Temer no Congresso. Agora o texto seguirá para plenário e, para que a denúncia não seja aceita, Temer precisará de 172 votos.
Mesmo que obtida com manobras, a vitória de Temer na CCJ enviou o recado que o presidente precisava para reestimular bases de apoio que lhe são caras no Congresso e em setores importantes da economia.
Após a sessão da CCJ, as principais associações de comércio e serviços do Brasil enviaram mensagens aos deputados pedindo celeridade.”O país tem pressa para voltar a crescer”, disseram. O reforço não evitou o adiamento da votação, mas mostrou que Temer não está só.
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