A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram favoráveis à manutenção das atuais regras de acordo de delação premiada. O caso, específico, trata das delações feitas pelo empresário Joesley Batista, um dos dono da JBS, com o Ministério Público Federal (MPF). Entre os questionamentos, estavam os benefícios concedidos ao empresário. Além disso, os magistrados que já se manifestaram também concordam que o ministro Edson Fachin deve permanecer com a relatoria das ações abertas com base nas delações. A partir das delações da JBS, o STF autorizou abertura de investigação contra o presidente Michel Temer (PMDB) pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Os ministros da Corte também entraram em consenso quanto ao fato de que a tarefa de homologar esse tipo de acerto com a Justiça cabe apenas ao relator da ação — no caso, o ministro Edson Fachin — e não ao plenário do Supremo. Ao plenário, caberá, no momento da denúncia, em um segundo momento, analisar se o delator cumpriu com os termos do acordo e a eficácia de sua delação para que possa ter direito ao benefício acordado com o Ministério Público Federal.
No início da sessão, o ministro Luís Roberto Barroso começou seu voto elogiando o trabalho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Para ele, cabe ao MPF definir os benefícios e ao STF decidir se os elementos do acordo foram cumpridos, de maneira satisfatória, no momento da denúncia.
Barroso seguiu integralmente o relator, ministro Edson Fachin, que votou na tarde de ontem (quarta-feira, 21), e disse estar convencido de que a colaboração premiada, uma vez homologada, só não será honrada se o colaborador não cumprir com as obrigações assumidas. Ele ponderou a diferenciação do benefício, conforme o que oferece o delator como prova.
Além de Fachin e de Barroso, a ministra Rosa Weber, e os ministros Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Dias Toffoli seguiram o mesmo entendimento. Ainda faltam os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e Cármem Lúcia.
Na tarde de ontem (quarta-feira, 22), Fachin votou contra a mudança das regras e defendeu a conexão dos fatos com a Lava jato, o que justifica sua permanência no caso como relator. Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes seguiu o voto do relator.
O julgamento foi motivado por uma questão de ordem apresentada pelo ministro Fachin, relator dos processos que tiveram origem nas delações da empresa. Os questionamentos sobre a legalidade dos acordos da JBS foram levantados pela defesa do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, um dos citados nos depoimentos dos executivos da empresa.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.