Os milhares de manifestantes que marcharam nessa quarta-feira, 24/05, desde o estádio Mané Garrincha, em Brasília, até o Congresso Nacional protestavam contra as reformas Trabalhista e da Previdência e em defesa de eleições diretas antecipadas para presidência da República. O caos se instalou logo no início da tarde.
De um lado, manifestantes e parlamentares que participaram do ato reclamavam da atuação dos policiais. De outro, políticos e policiais justificaram a ação truculenta como forma de conter os manifestantes que praticavam atos de vandalismo.
Diante da repercussão verificada em Brasília, o ato se estendeu para outros estados. Em Salvador, na Bahia, manifestantes também foram às ruas por eleições diretas e contra as reformas de Temer. Em São Paulo, um ato foi convocado para a noite de hoje (quarta-feira, 19).
“Depois desse massacre realizado pelo governo ilegítimo em Brasília, venha pra luta por eleições diretas para a Presidência da República. Sem democracia não há futuro!”, dizia texto da convocação publicado nas redes sociais. Em Belo Horizonte (MG), pessoas foram às ruas da capital mineira em repúdio contra os desdobramentos do protesto em Brasilia.
O resultado dos protestos teve como consequências incênidos nos ministérios da Agricultura, Planejamento e da Cultura, vários outros foram depredados, diversos manifestantes ficaram feridos e, na Câmara, parlamentares quase se estapearam.
Na sequência, o presidente da República, Michel Temer (PMDB), publicou decreto que autorizou o uso das Forças Armadas para “restaurar a ordem”.
Pelas contas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), passaram pela Esplanada, no ato intitulado #OcupaBrasília, cerca de 200 mil pessoas, muitas vindas de outros locais do país. Já nas contas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal 45 mil pessoas participaram das manifestações (veja abaixo nota com o balanço mais atualizado feito pela SSP-DF).
A Esplanada dos Ministérios foi palco de cenas de guerra e terror durante confronto entre policiais, que não hesitaram em reagir, e manifestantes, que mascarados tentaram ultrapassar a barreira dos PMs sem ser revistados. Diante do cenário de depredação e vandalismo, ministérios foram esvaziados. Até o início da noite, pelo menos sete pessoas foram detidas e cerca de 50 ficaram feridas – entre manifestantes e policiais militares.
Decreto de uso das Forças Armadas
O decreto de uso extraordinário das forças de segurança foi justificado pelos registros de vandalismo durante o ato – protagonizado por pessoas mascaradas –, cuja pauta principal era a saída do presidente Michel Temer e a realização de eleições diretas no país. Antes mesmo de fazer o anúncio oficial, o Exército chegava na Esplanda para conter a confusão.
Ao convocar coletiva para falar do assunto, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, creditou a autorização do decreto a um pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A situação, no entanto, causou mal estar entre os parlamentares e Maia teve que justificar. Convocou coletiva e disse que havia pedido apenas auxílio da Força Nacional. Na ocasião, também criticou a decisão de Temer que estendeu o decreto até 31 de maio, e classificou como “excesso”.
Empurra-empurra e confusão na Câmara
Enquanto a confusão do lado de fora do Congresso se agravava, parlamentares da oposição tentavam encerrar a sessão. Logo após um discurso crítico do líder do Psol, Glauber Braga (RJ), quanto ao pedido atribuído ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que fosse autorizado uso das Forças Armadas em Brasília nesta quarta-feira (24), os parlamentares quase se esmurraram no plenário da Câmara.
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