Dormir mais de 06 horas por noite diminui o risco de doenças cardiovasculares e de derrame. Essa foi a conclusão que chegou um grupo de pesquisadores brasileiros do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Os pesquisadores demonstraram que o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) pode prevenir a arteriosclerose, diminuindo o risco de ataques cardíacos e acidentes vasculares. O tratamento é feito com o uso do equipamento conhecido como CPAP (sigla em inglês para pressão positiva contínua nas vias aéreas).
“Pela primeira vez um estudo mostra uma relação direta entre a AOS e a arteriosclerose, mostrando a apneia como um novo fator de risco para a doença caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias, o que restringe o fluxo sanguíneo”, comenta o cardiologista Victor Lira (CRM-PI:4447).
A Apneia Obstrutiva do Sono é um dos distúrbios do sono mais frequentes, caracterizada por obstruções repetitivas da via aérea superior que ocorrem durante o sono. “Quem sofre do distúrbio tem sensação de sufocamento e roncos frequentes. Essas obstruções ocorrem várias vezes durante a noite, causando alterações nos padrões de sono e quedas na oxigenação. A consequência destes fenômenos inclui a excessiva sonolência diurna, má qualidade de vida, problemas de memória e baixo rendimento no trabalho”, ressalta o cardiologista.
Victor Lira explica como o tratamento com o CPAP funciona. “O aparelho pressuriza o ar ambiente e o envia por uma tubulação para uma máscara de silicone que deve ser usada durante o sono. O uso correto do aparelho pode eliminar completamente os eventos respiratórios”.
Há estudos recentes indicado a relação da AOS com doenças cardiovasculares, mostrado que os pacientes não tratados, ao longo dos anos, têm maior chance de desenvolver infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais.
O estudo do Instituto do Coração (InCor) apresenta novos dados dessa relação, revelando que a AOS acelera em quase dez anos o envelhecimento arterial e a progressão da arteriosclerose. “A pesquisa mostrou que quem tem apneia apresenta marcadores tão altos quanto os de pessoas dez anos mais velhas. Quando tratados com o CPAP, os pacientes apresentaram reduções significativas dos marcadores, incluindo rigidez arterial e espessura da camada íntima-média da carótida e mudanças importantes nos marcadores inflamatórios e naqueles ligados à atividade simpática”, comenta.
O cardiologista ressalta que o estudo têm limitações, por envolver um número pequeno de casos e os pacientes estudados não apresentarem comorbidades, isto é, patologias geralmente associadas à apneia, como hipertensão e diabetes. “Porém os resultados animam e abrem novas possibilidades para prevenção de graves problemas cardíacos e derrame”, pondera o cardiologista.
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