Aprovado na noite de ontem na Câmara dos Deputados, o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff passa agora para a apreciação do Senado, presidido por Renan Calheiros (PMDB-AL). Um dos políticos mais experientes do país, ele será bombardeado, nos próximos dias, por pressões de parlamentares da oposição, empresários e meios de comunicação interessados na cassação sumária da presidente Dilma Rousseff.
No entanto, nada indica que Renan agirá com a pressa do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que fez correr o calendário da Câmara, para que processo fosse votado numa tarde de domingo, sem futebol da Globo. Ex-militante do PCdoB na juventude, Renan ainda se vê como um político de esquerda e que tem, agora, a missão mais importante de sua vida: encontrar uma saída política para a crise, preservando a democracia.
Renan já fez duas declarações públicas importantes sobre o processo de impeachment. Disse que "sem crime de responsabilidade é golpe" e também que "não irá manchar a sua biografia". A amigos, ele revelou que jamais irá repetir a história de Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência da República após a deposição de João Goulart pelos militares, e foi chamado de "canalha" por Tancredo Neves.
O senador alagoano também imagina que a votação em plenário da presidente Dilma Rousseff ocorrerá no mês de junho apenas, ou seja, bem depois do calendário de 11 de maio que a oposição, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), pretende fixar. Renan pretende dar a Dilma todas as oportunidades de defesa, para que o processo no Senado não seja contaminado como na Câmara – motivo de vergonha internacional.
Até lá, Dilma será presidente da República, preservando todas as suas funções. Mesmo se vier a ser afastada pelo plenário do Senado, será de forma temporária, podendo retornar ao fim de um julgamento presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Ao retornar a Brasília, nesta segunda-feira, o primeiro gesto de Renan deverá ser, justamente, uma visita a Lewandowski.
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