A malária é uma doença parasitária grave, de evolução rápida, e que mata cerca de 580 mil pessoas por ano no mundo. Com objetivo de mapear as áreas de ocorrência da doença no estado do Piauí por meio de estudos dos fatores ambientais de risco que contribuem para sua transmissão, o Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGEO), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), realiza a pesquisa intitulada "Avaliação geoambiental da malária no estado do Piauí".
O trabalho, idealizado a partir da dissertação de mestrado do aluno Antonio Carlos dos Santos, "Estudo Geoambiental da Ocorrência de Casos de Malária no Piauí. Estudo de Caso: Campo Largo do Piauí e Porto 2002 a 2013", buscou mapear as áreas de ocorrência de malária como também o georreferenciamento dos casos nesses locais. Para o geógrafo, a malária é negligenciada e esquecida pelas autoridades, principalmente na região considerada extra-amazônica, como é caso do Nordeste. "Esta pesquisa consiste no estudo geoambiental das ocorrências dos casos da doença no Piauí, especificamente em Campo Largo do Piauí e Porto, do ano de 2002 a 2013. Isto porque houve um surto muito grande da doença no ano de 2004, com o registro de 110 casos nesses municípios".
O Mestre em Geografia, Antonio Carlos dos Santos, conta que foram trabalhados dados secundários oriundos da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI), Meio Ambiente e do IBGE, como também pesquisa de campo para levantamento dos aspectos geoambientais e georreferenciamento dos endereços dos casos de malária dos municípios de estudo. "Inicialmente, priorizamos os hábitos dos vetores (mosquito transmissor da doença) e o comportamento das pessoas, seu uso e a cobertura das terras, bem como os tipos de ocupação (profissão) que contribuem para a contração da doença. Levantamos o relevo com suas altitudes e declividades de Campo Largo do Piauí e Porto e fizemos mapas de altimetria, declividade e das unidades geomorfológicas", explica.
Também foram utilizados os SIG'S (Sistema de Informação Geográfica), com o objetivo de gerar mapas, com variáveis do meio físico (geomorfologia, hidrografia e uso cobertura das terras) e da saúde (vetores e dos casos de malária). Sua maior vantagem é permitir, através dos mapas, interpretação e análise dos fatores ambientais de risco e da distribuição espacial da doença de forma contínua e direcionada.
Segundo o Coordenador do Mestrado de Geografia da UFPI e do projeto, Prof. Dr. Gustavo Souza Valladares, a pesquisa de campo foi detalhada e consistiu-se em conhecer os locais onde ocorreu malária nos últimos anos. "Foram coletados dados geográficos ligados ao ambiente, e epidemiológicos, como relevo e as chuvas. Pensamos nos fatores ecológicos que interferem na doença, a umidade relativa do ar, mapas de uso e cobertura das terras, como via de acesso, estradas, áreas urbanizadas, diferentes tipos de cobertura vegetal", afirmou.
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