O salário da professora aposentada Elisa Pereira, 64 anos de idade, tem destino certo no orçamento familiar. Ela, que mora junto com dois filhos e um genro no bairro Bom Jesus, zona Norte de Teresina, ganha pouco mais de R$ 900 por mês e gasta cerca de R$ 500, ou seja 55%, com medicamentos, consultas, exames e pagamento do plano de saúde. Histórias como a da professora Elisa se repetem no Piauí.
De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares - Perfil das Despesas do Brasil, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), as famílias piauienses tiveram o terceiro maior gasto do Nordeste com assistência à saúde. Em média, R$ 99,37 são destinados ao pagamento de remédios, plano de saúde, consultas, tratamentos e cirurgias. O período analisado é 2008/2009.
No Piauí, 54,5% dos gastos na Saúde é com remédios - o que representa R$ 54,18. Despesas com os planos de saúde equivalem a 23%. Já o gasto com consulta e tratamento dentário é de R$ 3,92, o segundo maior do Nordeste, atrás apenas da Bahia (R$ 5,56). No Maranhão é onde se gasta menos com atendimento odontológico:: apenas R$ 0,55.
Na ponta do lápis, Elisa mostra os gastos mensais. Os remédios para o tratamento da asma, osteoporose e do glaucoma chegam a custar até R$ 300. O plano de saúde, R$ 100. Consultas e exames não cobertos pelo contrato também ultrapassam os R$ 100. "São gastos fundamentais. Não podemos deixá-los de lado ou fugir. Se não fizesse isso, não estaria com a qualidade de vida boa", ressaltou a aposentada.
O aumento das despesas com remédios está ligado ao encarecimento dos produtos. No caso de Elisa, um colírio chega a R$ 90. "Com as vitaminas gasto R$ 80. O mesmo é pago com o cálcio. É um preço realmente caro", avaliou.
Em termos absolutos, o brasileiro gastou, em média, R$ 153,81 por mês com saúde no período de 2008 e 2009. Na Região Sudeste, o gasto é maior: R$ 198,89. Já a Região Norte é onde os brasileiros gastam menos: R$ 82,22. Há diferença também entre áreas urbanas e rurais: os moradores das cidades gastam R$ 167,58 por mês, mais que o dobro gasto pelos moradores do campo (R$ 79,19).
A pesquisa aponta, ainda, que famílias com menor poder aquisitivo gastam mais com saúde (74,2%) do que as de maior renda (33,6%). Segundo o coordenador de informações do Ibge no Piauí, Pedro Soares, no Estado, essas despesas estão relacionadas à renda dos domicílios, que gira em torno dos R$ 1.557.
Em seis anos, despesa cresce de R$ 1.674 para R$ 2.419
Na pesquisa, o IBGE apontou que a despesa do brasileiro subiu para R$ 2.419 nos últimos seis anos. O valor representa crescimento de 44,5%, não considerando a inflação do período.
Os gastos com habitação são os que comprometem a maior parte da despesa das famílias brasileiras. Em média, segundo a pesquisa, R$ 765,89 (29,2%) das despesas são com aluguel ou compra de imóveis. Desta forma, o brasileiro gasta mais com moradia que com alimentação. Os gastos com alimentação chegam a R$ 421,72; com transporte, R$ 419,19; saúde, R$ 153,81; e educação, R$ 64,81.
A pesquisa também mostrou o gasto do brasileiro com viagens esporádicas, ou seja, não rotineiras. Em média, R$ 50,16 - que variam de acordo com a renda e grau de escolaridade. No Piauí, a maior parte dos gastos é feita em viagens a negócios e motivos profissionais (27,2%), visita a parentes e amigos (21,5%) ou de lazer, recreio e férias (18,6%).
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