Centenas de alunos do Campus da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) em São Raimundo Nonato pararam de frequentar as aulas na última terça-feira (13). Os estudantes protestam contra a falta de professores na instituição e afirmam que só voltam às aulas quando uma proposta efetiva de solução for apresentada.
Por volta das 9h de ontem, os estudantes saíram em protesto pelas ruas da cidade. Com faixas e cartazes, os acadêmicos externaram a revolta contra a situação. Atualmente, a unidade conta com um total de 38 professores, dos quais apenas 14 são efetivos, sendo que dois desses estão afastados. O número infringe a Lei complementar 124/2009, que determina o mínimo de 70% de professores efetivos na Uespi.
Manifestação toma as ruas da cidade (Foto: Rafael Max)
A estudante de geografia Viviane Ribeiro, 19 anos, assegura que a manifestação vai continuar. “A gente está em greve. Nós não vamos entrar na sala de aula enquanto não tivermos nossas demandas resolvidas. Nós estaremos no pátio da Uespi e também nas ruas, mas na sala de aula não”, disse a jovem, que é natural de São Lourenço do Piauí, cidade vizinha a São Raimundo Nonato.
Alunos afirmam que não voltam enquanto não houver solução (Foto: Rafael Max)
Vanessa Amorim, 26 anos, também do curso de geografia, diz que é impossível continuar estudando com a situação atual. “Não tem mais condição de funcionar desta forma. A gente se revoltou e só vamos voltar quando isso tiver uma solução”, desabafou. Segundo ela, existe turma que possui apenas um professor, e quando ele falta os alunos voltam para casa sem nenhuma aula.
Em entrevista a reportagem do Liberdade News, o diretor do Campus da Uespi de São Raimundo Nonato, Leonardo Ribeiro, confirmou a situação precária denunciada pelos alunos. “Tem muitas turmas com apenas dois professores em sala aula, ou seja, ficam com quatro disciplinas sem professor no mesmo bloco. É inadmissível. Os alunos que perderem três disciplinas por falta de professor vão ganhar de brinde do governo do estado um ano a mais de curso”, lamenta ele.
Estudantes durante manifestação (Foto: Rafael Max)
Ao todo, são 26 disciplinas sem professor. O diretor também alega problemas de infraestrutura na instituição. Segundo ele, o governo do Estado não faz repasses para reparos estruturais no Campus desde novembro do ano passado. “Desde novembro que esse campus não vê nenhum centavo do governo”, diz.
Leonardo conta que no primeiro dia de aula do atual semestre, um fio das instalações elétricas do campus apresentou problemas e para não deixar os alunos sem aula, ele foi obrigado a pagar o reparo do próprio bolso. “Tirei mais de R$ 1000 das minhas finanças pessoais, porque o governador não liberou o repasse”, conclui o diretor.
Alunos sentam em cadeiras da Uespi no meio da rua (Foto: Rafael Max)
As manifestações dos estudantes continuaram na manhã desta quarta-feira. Um velório simbólico da Uespi foi realizado.
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