Os pais da pequena Brena Rodrigues de Macedo, 8 anos, nunca irão esquecer o dia 19 de março de 2012. Naquela data, começava uma longa batalha pela vida da única filha do casal. Após apresentar um quadro de febre, com dor nas articulações, fraqueza, falta de apetite e gânglios inchados, eles procuraram atendimento médico na pequena cidade onde moram, Dom Inocêncio, distante 615 km de Teresina, no semiárido piauiense.
O resultado do exame de sangue solicitado pelo médico diagnosticou anormalidades nas plaquetas e nos leucócitos. Naquele momento, Márcia Rodrigues e Agnaldo Macedo começaram a ficar com os nervos à flor da pele. Já preocupado, o casal foi orientado por uma enfermeira da cidade a levar a pequena Brena para uma cidade maior, onde poderiam ser realizados exames de especialidade.
Apreensivos, os pais levaram a criança para Juazeiro, na Bahia, distante 210 km de Dom Inocêncio. Foi em solo baiano que veio a temida notícia: Brena estava com leucemia, um tipo de câncer no sangue. O diagnóstico deixou os pais arrasados e chocou familiares e amigos do casal. Ninguém queria acreditar que a sorridente garotinha sofria de um problema tão grave.
A partir dali, a luta pela vida continuaria de forma mais intensa. O início do tratamento foi na cidade de Petrolina, em Pernambuco, distante 200 km de Dom Inocêncio. Petrolina e Juazeiro, as duas cidades que protagonizaram a batalha de Brena, são separadas apenas pelo rio São Francisco. A leucemia era do tipo Linfóide Aguda.
Brena durante o tratamento contra a leucemia (Foto: Arquivo Familiar)
No início, Brena ficou 21 dias internada fazendo quimioterapia e viu boa parte do seu cabelo cair. “Foi um momento de muita dor, de muito desespero, mas colocamos nas mãos de Deus”, relembra o pai da menina. Ao longo de dois anos e um mês, Brena tomou medicamento pelo menos uma vez por semana. No primeiro mês, a criança viajava rumo à Petrolina três vezes num intervalo de apenas sete dias. Ao todo, eram 1.200 km percorridos por semana no início do tratamento.
A Secretaria de Saúde de Dom Inocêncio foi uma grande aliada. As viagens para Petrolina e Juazeiro eram feitas em um carro disponibilizado pelo órgão municipal. A vontade de viver de Brena surpreendeu até os próprios pais. “Ela nunca reclamou do tratamento”, diz a mãe. No dia 15 de abril deste ano, o tratamento foi concluído e a cura foi anunciada pelos médicos.
Aliviados, os pais só tem motivos para sorrir e agradecer. “Consideramos um milagre. Das seis crianças que iniciaram o tratamento com a Brena, somente ela está viva. Isso para nós é um milagre”, diz Agnaldo. O casal relata o apoio que recebeu durante mais de dois anos de luta pela sobrevivência da filha.
Brena com os pais após a confirmação da cura (Foto: Arquivo Familiar)
“Todos abraçaram o problema, sempre as igrejas oraram por ela. A Brena nunca sofreu discriminação. Espero que seja um exemplo de vida para os que sofrem com esse problema”, destaca Agnaldo. Para comemorar a recuperação da filha, o casal realizou um pedido da menina: uma festa de aniversário. O evento aconteceu numa escola na cidade de Dom Inocêncio.
A mãe destaca a celebração da vida de Brena. “Realizamos o sonho dela [fazer sua festa de aniversário]. Agradecemos a Deus e a todos que ajudaram para que nossa filha pudesse ter se recuperado”, encerrou.
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