Muitas patologias podem causar sérios danos à visão quando já estão em estado avançado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) cerca de 180 milhões de pessoas em todo o mundo apresentam algum tipo de deficiência visual. Dos quais, 50 milhões já estão cegas e 135 milhões correm o risco de ficar.
Para alterar este quadro, a melhor solução ainda é a prevenção. Entretanto dados apontam que, no Brasil, a prevenção de doenças oculares ainda é muito aquém. Males como catarata, glaucoma e degeneração macular ainda cegam muitos brasileiros, mesmo sendo doenças passíveis de tratamento e controle.
No dia 7 de maio comemora-se o Dia do Oftalmologista. E a data reforça a importância de visitar regularmente estes profissionais que podem prevenir várias doenças oculares. De acordo com o oftalmologista, Patrícia Martins, a consulta rotineira em oftalmologia é importante para evitar a perda visual por doenças em que o diagnóstico precoce altera a sua evolução. “Patologias como glaucoma e retinopatia diabética podem ser facilmente controladas se houver o diagnóstico precoce pelo médico oftalmologista, mas são justamente essas as doenças as mais negligenciadas pela população, uma vez que a evolução desses males ocorre de forma silenciosa e assintomática nos casos iniciais, que são os de melhor prognóstico”, afirma a médica que é especialista em plástica ocular.
Por isso, os cuidados com a visão são importantes em todas as fases da vida, sendo que a prevenção deve começar ainda na infância. Logo ao nascer, os bebês devem ser levados ao oftalmologista para fazer o teste do olhinho que pode diagnosticar e prevenir doenças como traumas de parto, retinopatia da prematuridade, ametropias e opacidades de meio (problemas de córnea, catarata). “O teste se caracteriza pela emissão de um feixe luminoso nos olhos da criança permitindo examinar o reflexo que vem das pupilas. Se a criança tiver uma visão saudável, quando a luz atingir a retina, observa-se um reflexo vermelho, que demonstra que a luz está passando normalmente, estimulando o desenvolvimento da visão”, explica a especialista em oftalmopediatria e estrabismo, Carolina Maia.
A ambliopia é outra patologia, que senão tratada na infância, pode vir a comprometer a visão. Conhecida também como a doença do olho preguiçoso pode ser causada pelo estrabismo ou diferença de grau muito grande entre um olho e outro. “É uma doença que se caracteriza por uma dificuldade na visão, sem que se perceba nenhuma alteração aparente. Um dos olhos não é estimulado nos primeiros anos de vida e por isso a criança não aprende a enxergar. O diagnóstico é feito através de uma consulta de rotina, quando não tratada antes dos oito anos de idade, a consequência é a perda parcial ou total da visão do olho acometido. O ideal é que crianças menores de 2 anos sejam levadas a cada 06 meses ao oftalmologista e as maiores de 2 anos e adultos façam o exame anual”, relata Carolina.
Em cada etapa da vida, os olhos apresentam um ponto crítico, ou seja, algo em que se deve prestar mais atenção. Na infância, o estrabismo; na adolescência, os erros de refração; e na vida adulta, a vista cansada, a catarata, a retinopatia diabética, o glaucoma e a degeneração macular relacionada a idade (DMRI). Esta última doença, por sinal ainda muito desconhecida entre as pessoas, é uma das grandes responsáveis por cegueira irreversível em pacientes com mais de 60 anos. Caracteriza-se por perda da visão central, que é a visão responsável por detalhes (cores e formas), atrapalhando, assim, atividades simples como ler, dirigir, assistir televisão.
“É sempre bom ter em mente que a visão também envelhece com a idade. Portanto, devem sim existir cuidados especiais com o idoso, porque é justamente na terceira idade que muitos das doenças oculares se manifestam ou se intensificam. Muitas vezes, o diagnóstico e tratamento precoces podem evitar a perda visual”, alerta o oftalmologista Clovis Carvalho, especialista em retina.
O retinólogo afirma que o exame oftalmológico é uma avaliação geral da visão, devendo ser feito em todas a idades. Vai desde o teste do olhinho no nascimento até exames realizados por aparelhos mais modernos para as diferentes patologias. “A prevenção é a chave para o sucesso da saúde ocular, daí a importância da realização dos exames de rotina como a refração, que é responsável em dizer qual é o ‘grau’ do paciente; a avaliação externa, que verifica a presença de anormalidades nas pálpebras, vias lacrimais e de estrabismo; a biomicroscopia do segmento anterior, que pode indicar a presença de catarata; a tonometria, para aferir a pressão intra-ocular; e o fundo de olho, que revela detalhes da retina e possíveis alterações da mesma. Dependendo do resultado destes, o oftalmologista pode solicitar a realização de outros exames mais detalhados para pormenorizar a saúde ocular”, acrescenta Carvalho.
É preciso desmistificar a ideia de que a procura por um médico oftalmologista só deve ocorrer diante do desenvolvimento aparente de alguma doença. Fazer exames periódicos ainda é a melhor forma de garantir uma visão saudável e precaver certas patologias, já que muitas delas podem ser desaceleradas ou até mesmo curadas se descobertas a tempo.
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