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Quarta-feira, 20 de novembro de 2024
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28/04/2013 - 20h06

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28/04/2013 - 20h06

Aniversariantes, municípios do Sertão convivem com avanços e atrasos ao longo dos anos

Emancipações mudaram a vida da população, mas cidades ainda não superaram dificuldades históricas.

 Gustavo Almeida, do Liberdade News

São Lourenço do Piauí (Foto: Reprodução)

 São Lourenço do Piauí (Foto: Reprodução)

Eles estão situados na mesma região, foram desmembrados do mesmo município e emancipados no mesmo dia. Juntos, formam um quarteto com moradores simpáticos, caatinga acinzentada e dificuldades em comum. Nesta segunda-feira (29), completam 21 anos de emancipação política com conquistas e dificuldades ainda não superadas. Encravados no meio do semiárido piauiense, quatro municípios irão apagar as velinhas.

 

Coronel José Dias, São Lourenço do Piauí, São Braz do Piauí e Bonfim do Piauí farão aniversário. No dia 29 de abril de 1992, a Assembleia Legislativa ratificava a criação dos quatro e fazia surgir a esperança de milhares de habitantes que dependiam de São Raimundo Nonato para tudo. Mais de duas décadas depois, a realidade é bem diferente de quando eram apenas povoados perdidos no meio do tempo.

 

As cidadezinhas ganharam lojas, agências dos correios, escolas com ensino médio, quadras esportivas, energia elétrica, postos de saúde, ligação asfáltica e diversas outras melhorias para a população. A dependência de São Raimundo Nonato ainda continua em muitos aspectos, mas vários avanços aconteceram.

 

Mas no aniversário ainda faltará muito o que comemorar. Os 21 anos com a alcunha de município não foram suficientes para acabar com problemas simples que assolam muitas cidades da região. A falta de oportunidades aos filhos da terra, as "delegacias" com dois ou três policiais, a educação deficitária e a ausência de políticas eficientes para o convívio com a seca continuam a corroer a região. Em muitos aspectos o desenvolvimento anda a passos de tartaruga.

 

Coronel José Dias, com seus 4.427 habitantes, não possuía sequer uma residência com computador conectado a internet em 2010, segundo constatou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ladeada por serras do Parque Nacional Serra da Capivara, a cidade que teve quatro prefeitos nos últimos cinco anos, é privilegiada pelo acesso rápido a São Raimundo Nonato através da BR-020.

 

Coronel José Dias (Foto: Reprodução)

 

Não muito longe dali está a pequena São Lourenço do Piauí, cortada pelo riacho São Lourenço bem no meio da zona urbana. O riacho só tem água no inverno. Por lá, assim como na sua vizinha, nenhuma casa tinha internet em 2010, também de acordo com o IBGE. A proximidade com São Raimundo Nonato é seu maior trunfo. São apenas 26 km pela PI-140 que liga o Piauí a Bahia.

 

São Lourenço do Piauí (Foto: Reprodução)

 

São Braz do Piauí tem 4.313 habitantes. Quem mora lá é chamado de sanbrazense. Em 2010 apenas 26 casas tinham telefone celular. A cidade que em 2008 elegeu um frentista como prefeito e um pedreiro como vice também está próxima a São Raimundo Nonato. Prefeito e vice foram reeleitos no último pleito e seguem a frente do município cujos moradores ostentam admirável simpatia.

 

São Braz do Piauí (Foto: Reprodução)

 

Bonfim do Piauí é o mais populoso dos quatro. Possui 5.396 habitantes, sendo que 3.758 moram na zona rural. Por lá, o cenário político é protagonista da disputa entre um tio e um sobrinho. Ambos tem se revezado no poder nas últimas legislaturas. Os bonfinenses são animados, gostam de uma boa festa do vaqueiro, evento que atrai anualmente pessoas de toda a região.

 

Bonfim do Piauí (Foto: Reprodução)

 

Os quatro municípios não foram os únicos criados em 29 de abril de 1992. Vários outros foram emancipados pela Assembleia Legislativa na mesma data, entre eles mais dois da região de São Raimundo Nonato: Várzea Branca e Fartura do Piauí. Em ambos a realidade não é tão diferente dos quatro vizinhos.

 

Apesar das dificuldades, uma grande riqueza o quarteto possui. Uma gente sorridente, solidária, respeitosa e, acima de tudo, feliz. Nem a seca e nem as barreiras impostas pela ausência de ações eficazes de desenvolvimento fazem o povo baixar a cabeça. Neste aniversário, ainda vivendo a pior seca das últimas décadas, resta ao povo comemorar o que já foi conquistado, sem esquecer, é claro, daquilo que ainda não foi.

 

Gustavo Almeida, do Liberdade News

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