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Quinta-feira, 06 de março de 2025
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Iane Carolina

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contato@acessepiaui.com.br

06/03/2025 - 07h46

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06/03/2025 - 07h46

O verdadeiro prêmio do Oscar

 

Walter Salles recebe Oscar de Melhor Filme Internacional para "Ainda Estou Aqui"

 Walter Salles recebe Oscar de Melhor Filme Internacional para "Ainda Estou Aqui"

Esta semana vivemos um sentimento muito peculiar: milhões de brasileiros se uniram em torno de um sentimento bom, como não fazíamos há muito tempo. As razões para esta união foram paixões nacionais sedimentadas na nossa cultura: carnaval e cinema nacional, com um gostinho de copa do mundo.

Depois de tantos anos divididos, a maior parte dos brasileiros se uniu para torcer por esta avalanche que foi o Filme Ainda Estou aqui e a nossa querida atriz Fernanda Torres, junto com Selton Mello, Walter Salles e equipe. Trouxemos o ouro para casa. Depois de seis meses de uma campanha incansável em inúmeros festivais pelo mundo, nosso filme ganhou mais 40 premiações, dentre elas, o de melhor atriz de drama no Globo de Ouro e agora o de Melhor Filme Internacional no Oscar.

É bem verdade que gostaríamos de ter trazido as três estatuetas correspondentes às categorias para as quais o filme foi indicado, que se estendiam ao de Melhor Atriz e de Melhor Filme. No entanto, para a nossa surpresa, mas não para a surpresa de críticos de cinema, a bem verdade é que a Academia escolheu um filme com uma temática muito apegada aos seus valores para ser premiado da noite – Anora.

Anora conta a história de amor de uma jovem stripper que se casa com um herdeiro de um oligarca russo e é obrigada a se separar dele quando a família descobre, sendo a trama recheada de nudez e sexo explícito.

Bom, qualquer relação com a crítica que nos traz o Filme A Substância, com a também concorrente Demi Moore, que sequer foi citada durante a cerimônia, não é mera coincidência. A Academia preferiu dar a premiação a uma atriz norte-americana de 25 anos que usou todo o seu potencial sedutor em vez de premiar as veteranas Demi Moore ou Fernanda Torres, que brilharam nas telas em 2024 e mereciam ter levado o prêmio de melhor atuação.

Voltando à realidade do Filme Ainda Estou Aqui, é importante lembrar também que os Estados Unidos foram parte real do apoio à Ditadura Militar nos anos de chumbo. Tendo em vista este cenário, é preciso levar em conta que os votantes do Oscar são 67% ainda homens, 80% pessoas brancas (dados divulgados em 2020 pela própria Academia) e até 2012, a idade média dos votantes era de 62 anos. Acho que eu não preciso discorrer mais do que isso, ainda mais levando em consideração o cenário político que vivemos hoje.

Historicamente o Oscar não é sobre os melhores, é sobre política, sobre estereótipos e arquétipos. O Oscar não é a melhor premiação do mundo. É a mais famosa, a mais divulgada. Ponto. Mas o Oscar coloca no mapa muitas produções que porventura não teriam tanta repercussão, como Anora, que até pouco tempo quase ninguém falava e hoje está bem divulgado.

O certo, caros leitores, é que o majestoso Ainda Estou Aqui é um sucesso de público e de crítica, sendo consagrado por críticos de cinemas no mundo todo. Nós já sabíamos que a nossa produção era de ponta, mas agora estamos em cartaz pelo mundo. Eles querem saber quem é o Cinema Brasileiro. Quem é o Brasil de fato.

Durante seis meses em que esta equipe esteve fora do Brasil em campanha por diversos festivais anunciando o Brasil pelo mundo, foi muito mais que promover um filme. Mas nosso verdadeiro prêmio é levar o legado do cinema brasileiro com eles, do amor que temos desde as telenovelas até nossos filmes (e nossa cultura em geral) com orçamento muito aquém de grandes produções de Hollywood. É levar a história do nosso país de uma forma sensível e honrar tantos que passaram por este período tenebroso. É unir todos em um coração. Esse é nosso verdadeiro prêmio. Aqui é o Brasil. Ainda estamos aqui.

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