Nessa quarta, 25 de dezembro, nos deixou meu amigo querido Jorjão. Cantava, compunha, professorava, ria e nos fazia rir em demasia, não sei onde encontrava tanta alegria. Negão simpaticíssimo e desprovido de rotundas egóicas. com desfaçatez irônica compôs a canção “Intransigência”(“… primeiro vem eu, depois vem eu, depois eu de novo”), com este eu lírico contrariando sua persona, a qual, nos últimos tempos acrescentou o adjetivo “simples” ao seu nome.
Jorjão era mesmo simples, evidentemente não no sentido simplório de redução de si, mas na forma do acesso aos afetos, ele tinha presença e se deixava gostar.
Tratávamo-nos mutualmente de “negão”, como marcador identitário mesmo, dizia-se meu fã, essa concessão que as amizades permitem. Chegou a gravar uma canção minha “caso de amor”, e brincava dizendo que repassaria corretamente todos os direitos autorais quando ela “estourasse”, riamos dessa condição precária da não industrialização da música piauiense…
Meu caro amigo Jorjão, sabemos que viver não tem cura, e a morte, então, é mais complexa do que aquilo que não podemos. Seguirei por aqui…
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Feliciano Bezerra é professor doutor da UESPI - nas redes sociais.
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