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Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
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Redação

contato@acessepiaui.com.br

10/12/2024 - 06h27

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10/12/2024 - 06h27

Em 1 ano, piauienses gastaram R$ 1,7 bilhão em compras online

Esse crescimento coloca o estado entre os maiores avanços percentuais no Brasil.

 

 

O comércio eletrônico tem transformado o comportamento de consumo no Brasil, especialmente após a pandemia de Covid-19. Com a popularização das compras online, o setor registrou um crescimento exponencial, impulsionado pela conveniência e pelo acesso a produtos de diversas partes do país e do mundo. 

No Piauí, esse cenário não foi diferente: em 2023, os consumidores locais gastaram R$ 1,7 bilhão em e-commerce, um aumento de 18,3% em relação ao ano anterior, segundo a FecomercioSP.


Esse crescimento coloca o estado entre os maiores avanços percentuais no Brasil. Apesar dos números expressivos, apenas R$ 404 milhões foram movimentados por lojas piauienses em vendas para consumidores do estado e fora dele. Isso levanta questões sobre a retenção de recursos no estado e os impactos do e-commerce na economia local.

“A população brasileira  está cada vez mais acostumada a comprar mais barato, especialmente de outros países. O Piauí, por sua vez, é um estado que importa quase tudo o que consome, o que é ruim de várias maneiras. Quando compramos de fora, a maior parte dos impostos vai para o estado produtor. Isso prejudica os comerciantes locais, porque eles têm mais dificuldades para competir com os preços de fora”, explica o economista Cezar Fortes.

Economista Cezar Fortes


Para a empresária Van Fernandes, presidente do Grupo Vanguarda, que controla os supermercados Carvalho Super e Carvalho Mercadão, é preciso incentivar as compras online dentro do próprio estado. 

“Nós, empresários piauienses, precisamos acreditar mais na força de compra da nossa população e investir para manter o dinheiro circulando dentro do estado. Cada real que sai para compras fora daqui representa uma oportunidade perdida de gerar empregos, desenvolver nossa economia e fortalecer nossos negócios”, disse. 

Van Fernandes, presidente do Grupo Vanguarda


Como funciona a arrecadação de tributos no e-commerce hoje?

Hoje, a tributação do e-commerce segue uma divisão entre o estado de origem da loja e o estado onde a compra é consumida. Parte do imposto fica no local de produção, enquanto a outra parte vai para o destino final. Essa dinâmica, no entanto, está prestes a mudar com a Reforma Tributária aprovada em 2023 e que entrará em vigor em 2026.

De acordo com a nova reforma proposta, será criado um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que centraliza a arrecadação no local do consumo. Isso significa que estados consumidores, como o Piauí, tendem a se beneficiar. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que o Piauí terá um crescimento de 47% em suas receitas tributárias, sendo o terceiro maior aumento do país.

Com a reforma tributária, 100% do imposto será destinado ao estado de consumo, o que elimina a divisão entre origem e destino. “Essa mudança busca tornar o sistema mais justo e garantir que o imposto seja recolhido onde o produto ou serviço é consumido. Além disso, a reforma deve beneficiar comerciantes e varejistas, pois permite uma competição mais equilibrada com o mercado global e as vendas online”, destaca a superintendente da Secretaria da Fazenda (Sefaz-PI), Graça Moreira. 

Graça Moreira, Secretaria da Fazenda (Sefaz-PI)

 

Apesar das vantagens previstas pela reforma, especialistas alertam que os desafios para o comércio local permanecem. O economista Cezar Fortes destacou que o aumento das compras online pode reduzir investimentos em negócios físicos no Piauí. “O comércio eletrônico barateia produtos, especialmente os importados, mas isso dificulta a competitividade das empresas locais e prejudica a distribuição de renda no estado,” analisou.

Desafios para o comércio local

O impacto do e-commerce, porém, vai além da arrecadação de tributos. Para o Tertulino Passos, presidente do Sindicato dos Lojistas do Piauí (Sindilojas/PI), o comércio eletrônico é especialmente prejudicial quando se fala em geração de emprego local. 

“Além de impactar a arrecadação de tributos, o e-commerce prejudica o comércio local porque gera emprego e renda fora do estado, em vez de beneficiar a economia local. Quando os consumidores compram produtos no próprio estado, estão contribuindo para a geração de renda e empregos aqui, o que é fundamental para o crescimento econômico local”, enfatiza.

Tertulino Passos, presidente do Sindilojas/PI

 

Com a implementação da reforma tributária, espera-se um equilíbrio maior na arrecadação e um fortalecimento da economia local. 

Comércio local precisa investir em tecnologia e inovação

Denis Cavalcante, vice-presidente da Federação do Comércio do Piauí (Fecomércio-PI), destaca a necessidade de o comércio local se preparar melhor para competir com o e-commerce. Para ele, o principal desafio está em como as empresas tradicionais podem se adaptar ao novo comportamento de compra dos consumidores, que cada vez mais optam pelas facilidades e preços atrativos das lojas online.

“Não é mais uma opção, é uma necessidade. O comerciante local precisa se reinventar, principalmente no que diz respeito ao atendimento e à experiência que ele oferece ao cliente. A venda online tem seus benefícios, mas o comércio físico tem algo que o e-commerce não pode entregar: o contato direto, a confiança imediata e a possibilidade de levar o produto para casa na hora”, explica Cavalcante.

Denis Cavalcante, vice-presidente da Fecomércio-PI

 

Ele também aponta a importância de se investir em tecnologia e inovação para que os lojistas consigam integrar a experiência de compra online com a do mercado físico. “É preciso trazer para o ambiente físico a comodidade que as pessoas buscam na compra online. Isso pode ser feito com a digitalização do comércio local, sistemas de entrega rápidos, promoções online e até o uso de redes sociais para aproximar o consumidor da loja”, conclui.

As informações são do Piauí Negócios

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