Cláudia Brandão, que adora implicar comigo, vive afirmando que há coisas que só acontecem na minha vida. Na verdade, são coisas banais que podem ocorrer na vida de qualquer cristão. É certo que, às vezes, parecem estranhas. Dia desses, ao entrar no Facebook, deparei-me com a foto de um garoto bonito, uns dez anos de idade, com um sorriso suave desenhado no rosto... Até aí, nada de extraordinário. O que me pareceu insólito foi o nome do menino: José Cineas dos Santos Malaquias. Convenhamos que não é um nome dos mais comuns. Menos comum ainda é o fato de estarmos juntos, eu e meu avô (José Malaquias), nomeando o moleque...
Além da foto, não encontrei outras informações sobre meu xarazinho. Se o encontrasse pessoalmente, eu lhe recomendaria trocar de nome. Por quê? Para evitar bullyng pela vida afora. Com a experiência de quem veste o nome Cineas há 74 anos, posso testificar que não é nada fácil. Ainda hoje, quase que diariamente, ligam para minha casa procurando por dona Cineas. Certa feita, chegaram a me convidar para participar de um Congresso de Mujeres Trabajadoras, no México.
Houve situações bem mais curiosas: uma manhã, eu estava na Oficina da Palavra quando entrou na sala uma moçoila faceira e saltitante. Com um sorriso maroto nos lábios, anunciou: “Flores para dona Cineas!”. Para não perder a piada, afirmei: por favor, me chama de CICI e assim ficamos mais íntimas...
Como diria o poeta Drummond, “Nunca me esquecerei deste acontecimento/ na vida de minhas retinas tão fatigadas". Fique esperto, garoto.
(publicada em 2022)
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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