Instrumentos musicais, como tambor, piano e violão, transformam-se em poderosas ferramentas na reabilitação de pacientes neurológicos no Centro Integrado de Reabilitação (Ceir). Desde 2008, a musicoterapia tem sido oferecida como tratamento para pessoas de todas as idades, com mais de 70 pacientes sendo acompanhados atualmente no Ceir, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Celebrado em 15 de setembro, o Dia do Musicoterapeuta destaca a importância dessa prática que combina música e terapia para promover a saúde e o bem-estar. Através do canto, da execução de instrumentos ou da simples escuta, a musicoterapia auxilia na reabilitação de diversas demandas, fortalecendo tanto a parte física quanto a emocional.
Para a musicoterapeuta do Ceir, Claudia Ferraz, o diferencial da musicoterapia está na capacidade de ativar emoções e sensações nos pacientes. “Quando falamos em música, automaticamente lembramos de algo prazeroso. Em pacientes neurológicos, os instrumentos musicais aumentam o potencial mental. Existem crianças que chegam aqui sem segurar o pescoço, sem apatia ou sem foco de atenção. Após os encontros, começamos a perceber o controle da cervical, começam a balbuciar palavras ou até mesmo buscar os instrumentos. Um desenvolvimento incrível”, comenta.
A cada sessão, novas histórias de evolução vão surgindo. O médico, Renato Oliveira, está há mais de um ano na musicoterapia e consegue perceber os avanços na fala. “Eu falava e as pessoas não conseguiam entender. Acho que a musicoterapia é fundamental na reabilitação. Eu percebi a melhora na minha oratória. Consigo articular melhor as palavras e não preciso repetir o que falei”, explica.
A psicóloga, Renata Costa, sofreu traumatismo craniano após acidente e, com a musicoterapia, conseguiu fortalecer a autoestima. “Tem me ajudado bastante porque eu era muito tímida. Eu não falava direito, mas a musicoterapia me ajudou a me aceitar mais. Eu gosto de música e hoje até canto”, celebra.
A musicoterapia utiliza o gosto musical do paciente a favor do desenvolvimento cognitivo. Para a musicoterapeuta clínica e neurológica, Simone Assunção, as sessões auxiliam outras terapias realizadas no Ceir. “Às vezes, o paciente chega aqui muito nervoso, muito ansioso, porque ele não anda, não fala. Quando ele entra primeiro na musicoterapia, a gente desbloqueia essa sensação. Você cantar uma música que você gosta, mesmo com limitações, é muito bom e tem um poder importantíssimo”, conclui.
Além de promover o recomeço para adultos, a musicoterapia auxilia na construção do futuro de muitas crianças. O Kaleo Gomes, nasceu com Síndrome de Tar, que afetou os membros, mas hoje com 1 ano e 8 meses de idade, brinca com os instrumentos, sorri e se comunica sem medo após as sessões de musicoterapia. “Depois da musicoterapia, ele despertou um vocabulário enorme. Hoje ele fala muito, canta e interage mais. Por conta de muitas internações, antes ele era muito fechado e tinha medo das pessoas. Mas agora já fala com todo mundo e está mais sorridente”, celebra Késsia Gomes, mãe do Kaleo.
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