Nesta sexta-feira (24), em Teresina, delegações estrangeiras do G20 conheceram pessoalmente dois projetos que estão ajudando famílias do Piauí a sair da fome e da pobreza. No último dia de encontros da 3ª Reunião da Força-Tarefa para construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, os delegados e autoridades viram de perto um projeto de agricultura familiar da comunidade Ave Verde, na zona rural da cidade, e o projeto Quitanda, na zona urbana da capital.
A primeira parada foi na horta comunitária do povoado Ave Verde, onde 37 famílias, principalmente mulheres, sustentam-se cultivando quiabo, cheiro verde, milho, feijão, alface e abóbora.
Graças a programas governamentais federais e estaudais, como o Bolsa Família, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa de Alimentação Saudável (PAS), a comunidade Ave Verde transformou sua realidade.
A compra da produção, garantida através desses programas públicos, permitiu aos agricultores melhorar sua condição de vida. Quase todos agora possuem bens como eletrodomésticos, motocicletas, casa própria e, mais importante, segurança alimentar.
Raimundo Nonato, presidente da Associação dos Produtores Rurais da Ave Verde, destacou que essa mudança proporcionou uma qualidade de vida maior para as famílias da comunidade.
“Antigamente a gente produzia para consumo. Agora a gente tem a produção para a venda. Isso trouxe melhoria para nossas famílias, nossas casas, uma renda maior. As famílias hoje têm uma qualidade de vida maior, têm alguns bens que não tinham condição de comprar antes”, afirma Nonato.
A secretária de Estado da Agricultura Familiar, Rejane Tavares, aponta que o Piauí está servindo de exemplo para o Brasil e o mundo em políticas sociais que visam a erradicação da fome e pobreza. “Isso é importante para o Piauí porque a gente tem uma experiência nossa que pode ser um exemplo a ser seguido por outros países”, destacou a secretária.
A representante da Costa Rica, Socorro Gross, da Organização Mundial da Saúde (OMS), avalia que o projeto das hortas comunitárias tem o potencial de revolucionar a realidade tanto dos produtores, mas também a vida das crianças destas famílias, que poderão crescer com uma alimentação saudável e a quebra do ciclo da pobreza.
“Esse é um projeto que está voltado para as famílias, ou seja, que traz não só renda, mas desenvolvimento sustentável para as famílias com um ambiente onde as crianças podem crescer com uma alimentação saudável e trabalhar no cuidado da terra. É um projeto que vai trazer desenvolvimento familiar, empoderamento das famílias e saúde”, declarou Gross.
O representante do Programa Alimentar das Nações Unidas, o irlandês Eric Scanlon, diz estar impressionado com o programa de agricultura familiar desenvolvido pelo Piauí. Para ele, o Brasil possui um extenso catálogo de programas sociais que podem ser um exemplo a ser seguido por outros países. “O Brasil é um líder no âmbito de ajuda social que tem experiências que podem ser exportadas para outros países. Aqui na comunidade pude aprender como as famílias estão organizadas para produzir e vender os alimentos para programas alimentares desenvolvidos pelo governo do Piauí”, apontou Eric.
Em seguida, a visita continuou na Quitanda da Agricultura Familiar, no Espaço Rosa dos Ventos, na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Este projeto, operacionalizado pela Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), permite que os produtores rurais comercializem seus alimentos diretamente com os consumidores. Os delegados puderam observar como a feira itinerante contribui para a geração de renda, a promoção da diversidade cultural, a agroecologia e a segurança alimentar.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate Fome, Wellington Dias, acompanhou os delegados durante as visitas. Ele apontou que os programas governamentais de apoio aos pequenos produtores são muito importantes, porque ajudam no trabalho de sua emancipação econômica, incentivando a chegar ao mercado consumidor final sem precisar do poder público.
“É quando esse agricultor consegue se organizar e ter uma condição de preparar o seu produto, a ponto de alcançar a prateleira do supermercado, garantir que ele possa ter ali um ingresso de forma permanente, independente de apoio governamental e alcançar a venda”, destacou o ministro.
O produtor na Quitanda da Agricultura, Edivar Braga, que atua na zona rural de Teresina, conta que com o programa é possível baratear a venda dos produtos, o que atrai clientela. “Esse programa da quitanda veio para eliminar o intermediário, hoje temos uma boa aceitação com o consumidor devido ao preço do produto comercializado aqui. Essa visita do G20 é ótima para dar visibilidade ao projeto e nossa produção, além de fortalecer o combate à fome e a pobreza”, destacou o agricultor.
O evento do G20 em Teresina não só destacou a importância da agricultura familiar para o combate à fome e à pobreza, mas também mostrou como políticas públicas bem estruturadas podem transformar comunidades inteiras, proporcionando dignidade e qualidade de vida aos agricultores.
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