Três das cinco espécies de tartarugas marinhas que existem no Brasil fazem ninhos no litoral do Piauí. Por isso, a movimentação de banhistas e veículos nas praias do estado preocupam pesquisadores da região, devido ao risco de ameaça à sobrevivência desses animais. 

Os pesquisadores apontam que não há sinalização sobre a proibição da circulação de veículos nas areias das praias, e que as consequências disso são atropelamentos de filhotes em suas caminhadas para o mar. 

Dentre essas espécies está a tartaruga-de-couro ou tartaruga-gigante, que desova apenas no Piauí e no Espírito Santo. Segundo pesquisadores do Instituto Tartaruga do Delta (ITD), essa espécie viaja para países como o Canadá para se alimentar e retornam ao Piauí para fazerem seus ninhos. 

São animais que migram muito, de área de alimentação, de reprodução. A tartaruga-de-couro, a gigante, é criticamente ameaçada de extinção. Então é fundamental reconhecer onde tem praia de desova, para garantir a preservação dessa espécie em particular”, afirmou a vice presidente do ITD, Verlane Magalhães.

Conforme a ONG, em um dos ninhos monitorados nos últimos dois meses eram esperados cerca de cem filhotes. Contudo, menos da metade sobreviveu. 

Para o instituto, além dos fatores naturais, a disputa de espaço com banhistas e veículos é uma das principais causas de risco aos ninhos e aos filhotes, que são atropelados durante a caminhada natural ao mar. 

Para tentar prevenir a situação, voluntários vão às praias buscar conscientização junto à população. Além do monitoramento, eles sinalizam os locais de desova, na esperança de que eles não sejam danificados. 

Um grupo de mais de cem fêmeas que todos os anos vêm para o Piauí para confeccionar os ninhos. O compromisso para cuidar dessas praias é muito importante, para garantir a saúde desses berçários", declarou Verlane. 

Em nota, a prefeitura de Luís Correia disse que uma portaria municipal proíbe o trânsito de veículos na praia e que faz a fiscalização com ajuda de outros órgãos, como ICMBio e a Polícia Militar, mas que não tem conseguido conter a circulação. 

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh) declarou que também fiscaliza as praias porque, além de uma infração ambiental, o trafego de veículos na areia é considerado uma infração de trânsito. 

A Polícia Militar do Piauí informou que faz a fiscalização das praias em parceria com o ICMBio, com a Semarh e as prefeituras, e disse que reforçou a atuação durante o período de férias. As informações são do G1 Piauí.