Fosse um conto infantil, poderíamos iniciá-lo assim: era uma vez uma casa antiga que, abandonada por todos, só queria voltar a ser chão de onde tudo brota...Como não se trata de fantasia, sejamos precisos: em 2018, ao passar por Coronel José Dias, portal do Parque Nacional da Serra da Capivara, fui convidado a conhecer um prédio em ruínas onde funcionou, por muitos anos, a primeira escola do povoado Várzea Grande. Sem grande valor arquitetônico, o prédio tinha (tem) inestimável valor histórico.

De pronto, decidi que era preciso restaurá-lo, sonho dos jovens que integram o Instituto Olho D’água (IODA).  Em 2019, sem apoio de nenhum órgão público, iniciamos a luta pela restauração da velha “Escola Capitão Tomazinho”. O mais é do conhecimento de todos: depois de cinco anos de sacrifícios, lutas e lágrimas, o Centro de Memória dos Povos das Serras saiu do plano do improvável para tornar-se realidade. Hoje, o velho educandário é uma usina de sonhos e de beleza. Abriga um pequeno museu, uma boa biblioteca e espaço para aulas de educação ambiental e patrimonial, artes plásticas, matemática, literatura, teatro e informática. Acrescente-se a isso, oficinas de artesanato, costura, bordado para o público adulto.

Por amor à verdade, a iniciativa sempre contou com o apoio do deputado Fábio Novo, então secretário de cultura do Piauí. Com recursos do SIEC, o prédio foi restaurado e os  projetos começaram a ganhar corpo. Mais tarde, o senador Marcelo Castro decidiu apoiar o IODA com emendas parlamentares, viabilizando novas investidas.

Na semana passada, na companhia de um punhado de amigos, visitei o Centro e fiquei surpreso com o que vi: um mundo em ebulição. Não pude deixar de expressar minha alegria por ter participado, ainda que discretamente, de uma iniciativa que, certamente, mudará o destino de muitos jovens e adultos do município de  Coronel José Dias. Assim seja!

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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.