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30/10/2023 - 20h57

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30/10/2023 - 20h57

Salve o Piauí do Futuro!

 

Visita ao Porto de Xiamen; 13º maior do mundo e o 7º da China

 Visita ao Porto de Xiamen; 13º maior do mundo e o 7º da China

Temos muito o que aprender com a China, sobretudo, com a capacidade estratégica de planejamento a médio e longo prazo. O controle estatal para a operacionalização deste planejamento, as parcerias para esta implementação do Hub de logística, a transformação digital e, principalmente, a implementação de uma nova matriz energética limpa, tendo como base o Hidrogênio Verde (H2V), credenciam a China como referência mundial em sustentabilidade e potência econômica.
 
Tudo isso é possível pelo elevado investimento em educação, com foco na geração de jovens com formação para quadros técnicos e de gestão; bem como na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e na digitalização das áreas estratégicas do país. Nos últimos 40 anos a China se desenvolveu tendo uma forte intervenção estatal na economia e na capacidade de planejar e executar o desenvolvimento do país tendo um forte apoio das políticas de parceria com a iniciativa privada; um fato que até os dias atuais, faz a diferença no rítmo de crescimento econômico do país – o que os asiáticos batizaram de “socialismo ao modo chinês”.

A população e as lideranças institucionais colocam o Partido Comunista Chinês como mais importante que o governo e, por isso, o partido tem a plena confiança dos chineses que, por sua vez, delegam ao partido o poder para escolher e mudar os gestores quando estes não forem confiáveis ou não estiverem cumprindo a “missão” ou tarefa que que lhes foi delegada pelo partido. O “centralismo democrático”, aliado a capacidade técnica dos gestores, ajuda na disciplina operacional e na rapidez da tomada de decisões. Em geral, quando as
metas não são cumpridas os gestores são substituídos por outras sem muito demora e é isso tudo que ajuda na celeridade  dos  resultados.
 
Percebe-se que a participação e controle social não tem grande espaço, ou talvez, seja diferente dos sistemas de governo democrático, mas é visível a grande convicção das pessoas de que “vai dar tudo certo!”. Essa grande sinergia ajuda a impulsionar os projetos, confiança e empenho dos chineses.

As empresas privadas, muitas delas com participação estatal, ocupam grande espaço na execução dos projetos, porém com um forte planejamento e controle do governo. Provavelmente foi isso que levou os chineses, em 40 anos, a reduzir a pobreza de 800 milhões de pessoas para 6 milhões e a desencadear um dos maiores níveis de crescimento econômico e de inclusão das pessoas pobres na classe média. Uma “fórmula” que desencadeou o consumo interno em massa, ainda que o país tenha se inserido tardiamente numa revolução tecnológica e sem passar por uma intensa revolução industrial como na Europa e EUA.
 
Aqui percebi claramente que o próximo desafio mundial e, provavelmente a próxima grande revolução, será a da transição energética com investimento forte em energias limpas e  assada no Hidrogênio Verde é uma intensa automação digital em áreas estratégicas e produção de alimentos saudáveis. A China busca agora reduzir a dependência de insumos externos, principalmente, a importação de alimentos de outros países e por isso aponta como meta retirar 250 milhões de chineses do campo nos próximos 10 anos. Como engenheiro agrônomo e grande entusiasta da agricultura familiar, esta avaliação aponta  para a diferença do que estamos projetando no Brasil, manter mais agricultores familiares no campo. 
 
Considerando esse prisma, precisamos urgentemente enviar uma leva de técnicos e gestores para aprender com a China sobre planejamento, monitoramento e novas tecnologias.  É fundamental analisar e entender a lógica dos chineses, sobretudo, compreender se há aplicabilidade prática em um país como o Brasil.

Em nível de Piauí, as proposições do Governador Rafael Fonteles são animadoras e tem estreita sintonia com o que está sendo executado pela China. Embora, ainda ao passo inicial das intenções, estamos caminhando para a prática e já temos um bom começo para os promissoras resultados que estão por vir. É animador perceber que as intenções do nosso governador estão à frente da estratégia dos demais estados, contudo, ainda precisamos adquirir capacidade de investimentos em infraestrutura e em pessoal para transformar essa proposição futurista em plena realidade. Os passos iniciais já foram consolidados. Agora vamos acreditar e buscar esses investimentos!

O Brasil ainda está iniciando essa longa caminhando na perspectiva da implantação da 4º revolução tecnológica e energética. Também estamos muito aquém nas políticas de sustentabilidade ambiental que indubitavelmente terá como matriz energética a tão propagada produção do H2V. Precisamos urgentemente  de um Marco regulatório.

Continuamos tendo como objetivo estratégico apenas a preservação das florestas e das águas e a retomada industrial, porém, com a manutenção dos mesmos paradigmas de uso de matriz energética baseada no petróleo e na elevada emissão de carbono.
 
Felizmente, a perspectiva para essa mudança de paradigma é crescente. Embora possamos destacar um aumento considerável dos
investimentos na geração de energia limpa, notadamente solar e eólica, creio que não terá um fim em si mesma, mas será indispensável para a implementação da nova matriz energética tendo como base a produção do H2V. O Brasil precisa sintonizar esse novo rumo que a Europa, a Austrália  e a China estão capitaneando muito rapidamente.
 
Creio ser esse o novo grande desafio do governo brasileiro. 

No Piauí já estamos em busca desses novos tempos. Salve o Piauí do Futuro que hoje aponta para um rumo, com plenas condições de contribuir com o Brasil.

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Francisco Limma – engenheiro agrônomo e deputado estadual – PT/PI

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