Irmãos e irmãzinhas, confesso, um tantinho envergonhado que, a despeito das minhas andanças pelos sertões do Piauí, não sabia da existência de um município piauiense chamado Vera Mendes. O constrangimento só não é maior porque ninguém, que eu conheça, sabe da existência de tal município.

Anotem aí: Vera Mendes, encravado no coração do semiárido piauiense, existe, sim. Desmembrado de Itainópolis em 1995, com pouco mais de 3 mil habitantes, a sede do município é uma cidadezinha de ruas estreitas, cercada de morros por todos os lados. É limpa, simpática acolhedora. De tudo o que vi na cidade o que mais me animou foi a existência de uma pequena biblioteca (Biblioteca Municipal Magnólia Mendes de Sousa) que, diariamente, está aberta a partir das 7 horas. No pequeno acervo, há preciosidades: Ulisses, de Joyce; Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa; obras de Machado de Assis, Graciliano, Drummond etc. Infelizmente, não há nenhuma obra de autor piauiense. Melhor seria: não havia. Estou preparando um kit com livros de escritores piauienses para oferecer aos veramendenses.

Como  participante do programa de Formação Continuada da SEDUC, passei dois dias em Vera (11 e 12/ 09), conversando com os professores sobre o ensino da gramática nas escolas públicas. Como sempre, repeti a tese: para melhorar o nível da educação de qualquer município, é fundamental alfabetizar adequadamente as crianças na idade certa. O mais virá como consequência.
  
Voltei animado com o que vi: professores motivados e participativos. Segundo a secretária de educação de Vera Mendes, o IDEB do município é superior a 5, e acrescentou: “Alguns dos nossos alunos já foram premiados em ‘olimpíadas’ escolares fora do Piauí”.  O Millôr talvez estivesse certo ao afirmar: “O Brasil é um país condenado à esperança”.

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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.