Certa feita, depois de curta estada Teresina, um velho amigo me perguntou: "Meu irmão, que liga te prende a esta chapada?". Para esta pergunta, tenho resposta pronta: a liga do bem-querer, respondi. O amigo foi adiante: "Em qualquer lugar do Brasil, você seria um grande produtor cultural e o teu trabalho teria maior visibilidade".

Com uma pontinha de impaciência, expliquei: meu irmão, eu não estou construindo uma carreira artística; estou apenas vivendo o que me é dado viver. Gasto minha vida fazendo coisas que me dão prazer. Nada além. Seria assim em São José das Farinhas ou em Olho D´água das Cunhãs. 

Cheguei a Teresina em maio de 1965. De certa forma, acompanhei e participei das transformações que ocorreram na cidade ao longo desse tempo. Como sou um fazedor, fiz coisas das quais me orgulho. Não amealhei fortuna, mas tenho o respeito de muitos e o carinho de alguns. Para alguém com o meu perfil, não é pouco.

Com o tempo, a cidade foi-se adonando de mim. Hoje, já nem me lembro de ter vivido em outro lugar.

Quando a "indesejada das gentes" me transportar para o nada, deixo aqui um  sugestão de epitáfio: "Calou-se de vez o velho falastrão que amava as chuvas brandas, as mulheres, a poesia, os ipês e Teresina". Como diria  seu Liberato: "está conforme".

Parabéns, Cidade Amada!

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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.