Era assim que meu avô Fontes Ibiapina se referia ao meu tio Aristóteles Ibiapina: "Meu Totim", seu filho mais novo. Totim era quase da minha idade, 7 meses mais velho, irmão de minha mãe. Nós costumávamos conversar horas a fio. Ele era saudosista, que nem eu sou.
Sempre que vou a Parnaíba, passo no cemitério, Jardim Eterno IV, na entrada da cidade, onde ele, Totim, descansa desde 21 de setembro de 2020, na Sessão A, Quadra F, sepultura 41. Nunca há muito o que dizer. Na verdade, nada há para dizer. Mas, só em saber que ele está ali, é como se houvesse uma comunicação entre nós, daquelas que por muitas vezes tivemos.
Nosso último contato, via WhatsApp, foi em 18 de Setembro, 3 dias antes dele falecer em sua casa, na Serra de Viçosa. Eu cobrei dele se havia dado certo a entrega do meu romance "Esperança" para o Manoelzinho das Imburanas - um homem da feira de Viçosa, que me ajudou com informações para o romance, sobre curas baseadas em raízes. Ele respondeu com uma voz fraca, reticente, quase inaudível. "Deu... Tá tudo no rumo". E nunca mais ouvi sua voz. Por isso, eu visito sua sepultura, para não deixar que sua memória, guardada em mim, se apague como o corpo.
Na foto, Totim na Feira de Viçosa, escolhendo as raízes e ervas que ele dizia que ajudavam a enfrentar suas dores.
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Eneas Barros, escritor piauiense - nas redes sociais.
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