No milênio passado, uma cigana decrépita insistiu em ler minha mão. Foi incisiva: " O senhor tem uma alma jovem por isso é tão agoniado, agitado, impaciente". Por vias tortuosas, fez uma boa leitura.
Sempre vivi o que me foi dado viver de forma intensa, sem me guardar para o que está por vir. Vivo o aqui no agora. Mas ultimamente tenho ouvido o que não me agrada, com incômoda frequência.
Dia desses, ao avistar-me, um cidadão bastante amarrotado pelo tempo, virou-se para a mulher que o acompanhava e disparou:" Foi um grande professor. Fui aluno dele no Cursão. Nunca o esqueci". Para alguém como eu ,que só quis ser professor, ser lembrado assim é gratificante.
Dias depois, no Conselho Estadual de Cultura, um dos conselheiros afirmou: " O professor Cineas Santos foi um dos grande editores do Piauí".
Dois dias depois, uma fulaninha me ligou: "Sabia que você foi..." Não a deixei concluir a frase. Minha jovem, fui o que efetivamente sou: um verbo que só se conjuga no perfeito do indicativo. Nada além. Irmãos e irmãzinhas, envelhecer dói.
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Cineas Santos, professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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