Pesquisa divulgada nesta semana pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios) mostra que faltam médicos na atenção primária em uma em cada três cidades brasileiras. Levantamento constata que 1/3 dos médicos brasileiros não querem trabalhar nos pequenos municípios.
A cidade de Guaribas (PI), que ficou conhecida nacionalmente por apresentar perspectiva de vida nos padrões de países pobres da África no início dos anos 2000, sofre com o problema. Distante 660 quilômetros de Teresina, o município que foi palco do lançamento do Programa Fome Zero, em 2003, sofre para atrair médicos — chegou a ficar sem atendimento no fim de 2018, depois que Cuba decidiu sair do Mais Médicos após as condições anunciadas pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro.
O secretário de Saúde da cidade, Adiel Andrade, relatou ter tido problemas recentemente para contratar um profissional para repor a equipe. Com 4.276 habitantes, segundo o IBGE, a cidade conta com dois médicos, uma UBS (Unidade Básica de Saúde) e três postos de apoio.
"Em maio um médico não manifestou interesse [em vir], então começou a procura por seu substituto. Os médicos que já têm mais tempo na área realmente não querem vir e quando manifestam interesse é um valor absurdo. Então, optamos por contratar um recém-formado, e graças a Deus, a equipe já está completa novamente".
As prefeituras apontam como dificuldades para contratação a exigência do cumprimento da carga horária semanal de 40 horas, o salário de R$ 12.386,50, escassez de recursos e condições de trabalho. A falta de infraestrutura na cidade, como cinema, shopping e outros atrativos de lazer, foi apontado também como um problema.
É importante ressaltar que o salário do "Mais Médicos" é um rendimento não-tributável, por isso, não tem dedução de INSS ou Imposto de Renda. E, além do valor recebido, os profissionais também recebem auxílio moradia e alimentação, pagos diretamente pelos municípios. Com essas medidas, o valor total recebido pelo médico pode chegar a R$15 mil.
A pesquisa foi aplicada via call center da CNM aos gestores municipais e alcançou 3.385 municípios, que concentram cerca de 112 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE.
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