Meus amigos, vou contar a vocês uma pequena história de tristeza.
Era por volta da metade do mês de novembro de 2011, quando recebi um telefonema de alguém que, do outro lado da linha, pedia que eu escrevesse sua biografia. Chamava-se Elias da Cunha e era um juiz classista aposentado. Poucos dias depois, mandei-lhe uma proposta, mas ele a achou cara e não me deu mais notícias.
Onze anos depois, em dezembro passado, ele me ligou novamente, dessa vez para dizer que iria aceitar a minha proposta. Nos conhecemos na Livraria Entrelivros, que passaria a ser nosso ponto de encontro dali em diante.
Quando o conheci pessoalmente, chamou-me a atenção um senhor sereno, de andar firme, memórias palpitantes e o semblante sempre sério. Assustei-me quando ele me disse em qual ano havia nascido: 1930! Fiz umas contas rápidas e confirmei a idade: 92 anos, em 2022!
No dia em que completou 93 anos, no dia 12 de fevereiro deste ano, reuniu familiares e amigos no restaurante Adega do Boi, em Teresina, onde proferiu um discurso em meio ao burburinho inevitável da churrascaria.
O livro ficou pronto, foi impresso e entregue no dia 5 de junho passado. Dr. Elias, então, começou a distribuir os convites e a viajar para o interior do Piauí e do Ceará, para chamar amigos para o lançamento. Ele me ligou várias vezes, para pedir opinião sobre o convite e confirmar uma fala minha na solenidade. Estava feliz.
Como ainda não havia me dito o dia certo para o lançamento do livro, na semana passada comecei a ligar para ele, mas o telefone não atendia. Ele poderia estar viajando, pois inicialmente pensara em lançar em Parnaíba. Insistentes vezes nem o telefone fixo e nem o celular atendiam.
Nessa segunda-feira, 03 de julho, resolvi ir até a casa dele, quando o porteiro do condomínio me informou que ele havia falecido no dia 20 de junho. Foi um choque! Embora ele tivesse uma idade avançada, aparentava ainda viver muitos anos.
Morreu com o dever cumprido, deixando um livro com o qual ajudei a preservar suas memórias e registros de toda a sua vida, ilustrado com muitas fotografias e impresso. Fica a minha homenagem; o resto, a família haverá de decidir.
*****
Eneas Barros, escritor piauiense - nas redes sociais.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.