A gratuidade e a gratidão são dois conceitos fundamentais que perpassam as mensagens dos quatro evangelhos e encontram ressonância na compreensão contemporânea da neurociência.
No cerne da gratuidade está a ideia de oferecer algo sem esperar nada em troca. Ela envolve um ato desinteressado de amor/generosidade que vai além das expectativas e das necessidades imediatas. Nos evangelhos, encontramos exemplos claros dessa gratuidade humana/divina através das ações e palavras de Jesus. Ele curava os enfermos, alimentava as multidões famintas e acolhia os marginalizados, sem exigir nada em troca. A parábola do bom samaritano é uma bela lição de gratuidade! Esses atos e lições de amor e compaixão demonstram a natureza incondicional da gratuidade.
E a gratidão é uma resposta natural à gratuidade. Ela nos convida a reconhecer e apreciar os dons, os talentos e as oportunidades recebidos, cultivando um coração cheio de alegria e reconhecimento. A gratidão nos leva além do foco em nossas necessidades/desejos despertando-nos para a beleza e a abundância da vida presente!
Nos evangelhos, vemos essa gratidão manifestada por aqueles que foram tocados pela gratuidade de Jesus Cristo. Eles se curvavam em agradecimento, expressando sua profunda gratidão por terem experimentado a bondade/compaixão de Jesus, a misericórdia divina.
Por outro lado, estudos da neurociência mostram que a prática da gratidão está associada a um aumento da atividade em áreas do cérebro relacionadas ao bem-estar emocional, à empatia/compaixão e à conexão social. Quando somos gratos, nosso cérebro responde liberando neurotransmissores que nos trazem uma sensação de contentamento e felicidade. Assim a gratidão contribui à redução do estresse e à melhoria da saúde mental e física, o que fortalece a integração humana e promove a espiritualidade profunda.
Essas descobertas científicas nos lembram da importância de cultivar a gratidão em nosso cotidiano.
Quando cultivamos a gratuidade/gratidão, somos provocados/motivados a olhar para além de nós mesmos, reconhecendo que somos parte de uma teia interconectada de relacionamentos e interdependência nesta Terra/Gaia e no Universo tão imenso!
Ao nos aprofundarmos no estudo dos evangelhos e nas descobertas da neurociência, somos convidados a abraçar essa via profunda da gratuidade/gratidão que nos carrega pela trilha verdadeira do Viver Pleno ensinado/testemunhado pelo leigo Jesus de Nazaré!
Que possamos, assim, nos tornar agentes de transformação em nosso mundo, espalhando o amor gratuito em suas diversas formas: oferecendo nosso tempo, talentos, recursos, posições a serviço do bem comum, com prioridade àqueles que estão com mais necessidade, sem esperar nada em troca; estendendo nossa compaixão/empatia para com os outros, reconhecendo sua dignidade e valor intrínsecos, sem discriminação.
E, à medida que cultivamos a gratuidade/gratidão em nossas vidas, encontramos uma nova perspectiva, uma visão mais profunda da beleza que nos cerca. Reconhecemos os pequenos milagres diários e aprendemos a valorizar as conexões e relacionamentos que dão significado às nossas vidas. Expressar gratidão nos permite nutrir a positividade em nossas mentes e corações, fortalecendo nossa resiliência, bem-estar emocional e espiritual profundo!
Portanto, que possamos abraçar a gratuidade em nossas ações diárias, encontrando maneiras de compartilhar nosso amor/generosidade com os outros. Cultivemos, pois, uma postura de gratidão, reconhecendo e apreciando os dons e bênçãos que recebemos. Desse modo descobriremos uma profunda alegria e plenitude que transcende as circunstâncias externas e irradia luz e esperança para as nossas famílias, comunidades e a sociedade em geral!
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José Nazareno Cardeal Fonteles é médico, professor e ex-deputado federal (PT-PI) - nas redes sociais.
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