Na longínqua década de 1930 em Oklahoma, Estados Unidos, a saga de famílias expulsas da terra por bancos e latifundiários que tomaram de conta de tudo com seus tratores, capatazes e a monocultura do algodão. Desespero. Fome. Fuga. "As vinhas da ira", publicado em 1939 pelo Nobel de Literatura John Steinbeck, é como se fosse o Brasil agrário e arcaico de hoje. O capitalismo sem escrúpulos de humanidade. Deparo-me na excepcional obra com alguns diálogos curtos e penetrantes.
"Um banco não é um homem. E um proprietário de vinte mil hectares também não é um homem. É um monstro."
"Deixa um homem possuir uma propriedade que ele não vê nem tem tempo pra cuidar dela, nem pode sentir a terra debaixo de seus pés...bom, aí a propriedade substitutui o homem. A propriedade é mais forte que o homem. E ele, em vez de grande, fica pequeno. Só a propriedade é grande, e ele é escravo da propriedade."
"Mas então quem é que manda? Quem é que eu tenho que matar? Não vou morrer de fome sem primeiro matar quem quer me tirar o pão."
"Não sei. Talvez não tenha ninguém pra matar. Talvez não seja um problema da gente, de homens. Talvez a culpa seja da propriedade, como você disse. De qualquer jeito, eu tenho que cumprir ordens".
E quem cumpriu ordens, derrubou a casa do meeiro e passou o latifúndio por cima da pequena terra da sua família.
A CPI é do MST. Nunca do monstruoso latifúndio.
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