Era pra ser só um vestido que eu preparei para usar amanhã, mas aí quando eu pendurei, veio um filme na minha cabeça.   Eu já usei ele no meu aniversário, mas só agora parei para lembrar de tudo o que esse vestido significa para mim.

Já falei aqui que fui muito pobre.  E já deixei de ir a muitos lugares porque não tinha roupa adequada. Aniversário de parentes, eventos formais, enfim. Quando criança e adolescente, a minha avó comprava uma calça jeans por ano para que eu usasse na escola. Era a mais barata da loja. Infelizmente e coincidentemente era a mais feia.

Tínhamos direito a um pedaço de tecido para fazer uma roupa e ir à igreja. Eu não tinha vestido de festa. Não tinha sandálias de salto. Não tinha brincos. Sequer tinha orelha furada. Não tinha jóias.

Em Portugal foi a primeira vez que comprei uma jóia. Escrevi uma carta esta semana para alguém especial e contei isso pela primeira vez.

Não é fácil deixar a pobreza para trás. Quando comecei a estagiar comecei a comprar roupas e sapatos, mas sempre na promoção. Era o que dava. Cultivo o hábito até hoje. Foi difícil pagar o preço normal de uma roupa, um sapato ou uma semijoia. Acho um absurdo pagar mil reais por uma roupa, ainda mais quando é alugada. A fome no mundo ainda não acabou.

Esse é o meu primeiro vestido de gala. Agradeço mais uma vez à @dominioatelie pela oportunidade. Mais uma vez eu comprei na promoção. Mais uma vez eu achei um vestido plus size. Mais uma vez é uma loja que pensa em todas as mulheres e em todos os orçamentos. Moda acessível, preço justo e para todos os corpos.

Você pode até achar que isso é bobagem, mas há dois códigos sociais muito importantes no mundo: a comida e a vestimenta. Poder se alimentar adequadamente e se vestir te inserem na sociedade. Você precisa comer e se vestir para ir a qualquer lugar.

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Iane Carolina é jornalista - nas redes sociais.