Pouco antes de a peste assolar o país, fui deixar dileta amiga na casa dela. Na volta, passei em frente a um barzinho, uma birosca onde até as muriçocas relutariam em entrar. Iluminação precária, duas ou três mesinhas meio desconjuntadas, cadeiras de espaguete .Encostado ao balcão, uma engenhoca de tocar música, com luzes piscando... Para minha surpresa, em vez de swingueira ou forró de plástico, uma voz anasalada cantava " Vai passar". Era a inconfundível voz do Chico. Parei e fiquei assuntando. Depois, vieram "As vitrines", "Sem compromisso"... A engenhoca estava tocando aquele CD fantástico "Chico em Paris", com a participação de um punhado de bambas.
Não tenho o hábito de frequentar bares, mas, se eu pudesse imaginar o que estaria por vir, teria estacionado o carro, pedido uma cerveja estupidamente gelada e, parafraseando Bandeira, teria ficado ali, bebericando e pensando bestamente nas mulheres que amei ...
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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