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05/04/2023 - 10h54

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A Luz do André

 

André Luiz tocava e pensava música o tempo inteiro (Foto: Arquivo)

 André Luiz tocava e pensava música o tempo inteiro (Foto: Arquivo)

Ontem perdi um querido e bom amigo. André Luiz era um ser sereno, retrátil em suas aparições, mas contundente em suas ações. Músico em todas as horas cotidianas, tocava e pensava música o tempo inteiro. 

Quem conviveu sabe, era uma de nossas bússolas de informações, não importasse o gênero sonoro ele tinha algo a informar. Enciclopedista borgiano, era um colecionador de discos (depois cd) incorrigível. Ir ter com ele, em sua casa, com aquelas estantes abarrotadas era vê-lo em prazer quase infantil a nos mostrar coisas, audições inaugurais, eu adorava. 

Nos últimos anos radicalizou em sua vivência social mínima, a paz de estar sozinho, ao que parece, lhe bastava. Porém, conhecendo-o sei que havia tormentas também. 

Era um ótimo interlocutor, informadíssimo e afável, mas irônico e ferino quando necessário, como as mentes agudas sabem ser. Quando fui morar em São Paulo, as missivas que trocávamos eram longas (havia isso, carta), os telefonemas a horas mortas tinham cargas terapêuticas; nem sempre eu estava disponível, por conta do corre em sampa, isso o incomodava um pouco, era insistente, mas compreendia.
 
André tocou guitarra, violão e viola com quase todos de nossa geração, tinha calma, disciplina e criatividade. Aceitava os convites e colaborava. Além disso era um atento comentarista/crítico musical, com um texto bem assentado, escreveu em alguns jornais de Teresina, iluminando-nos sobre lançamentos e redivivas históricas. 

Chegou a profissionalizar seu prazer de manipular discos, quando criou, junto com o Emerson Boy Batista, a loja de discos Bebop, que teve vida curta, mas virou um point de músicos e amantes de música na cidade. Era boníssima.

A rima é óbvia, André Luiz era luz. Agora nos restará um acorde na parede da memória, mas como dói…

*****
Feliciano Bezerra é músico, professor doutor da UESPI - nas redes sociais. 
 

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