Vi, na tarde de domingo (18/12), duas seleções valentes disputando o título mais cobiçado do futebol mundial. Vi duas equipes com gana de vencer. Vi o brilho de dois craques: Messi, em final de carreira, e Mbappé, a caminho do estrelato. Se fosse permitido, as duas seleções seriam campeãs.
Não devemos, contudo, vestir luto pelo papelão que fizeram os nossos “meninos de ouro”, nem morrer de inveja da conquista de los Hermanos. A Argentina fez por merecer. Além disso, inveja é o mais deplorável de todos os sentimentos. Jogamos pouco; ganhamos nada. Saímos do certame com o título de “campões em coreografias bizarras”, o que não é pouco. Não bastasse isso, os meninos riquinhos do Brasil obraram (na acepção nordestina do termo) ouro nos banheiros de luxo do Qatar.
Como já vivi muitas luas, vi a “melhor seleção brasileira de todos os tempos” (a de 1982), sair da competição sem ganhar nada, destroçada por um ex-detento, o italiano Paulo Rossi, autor dos três gols que nos deixaram aturdidos. Vicente Matheus tinha razão: “O jogo só termina quando acaba”.
Por oportuno, vale transcrever aqui uma estrofe de um poeminha circunstancial de Drummond que, como qualquer brasileiro, sofria pelos fiascos da seleção brasileira. Confiram: “O povo, noutro torneio,/Havendo tenacidade,/Ganhará rijo, e de cheio,/A Copa da liberdade”. (1978).
Então, que 2022 seja lembrado como o ano em que o Brasil derrotou o time do fascismo. Isso realmente importa. O mais é jogo...
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
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