Das 15 vezes em que a estatal efetuou a mudança, quatro foram reajustes de preços para baixo. Mas por que essas quedas passaram tão despercebidas nas bombas de combustíveis?
Para começar, o dólar e o preço do petróleo no mercado internacional tiveram sucessivas altas em 2021.
A moeda norte-americana acumula valorização de 7% ante o real desde o início do ano, enquanto o petróleo brent alcançou patamar recorde neste ano, acumulando valorização de mais de 50%.
De acordo com Bruno Iughetti, consultor na área de Petróleo e Gás, o câmbio e o preço do petróleo são as duas variáveis consideradas pela Petrobras na sua política de preços.
Portanto, se o câmbio e o petróleo sobem mais do que caem, os reajustes normalmente são para cima.
E esses reajustes operados nas refinarias são repassados às distribuidoras, posteriormente chegam à revenda e ao consumidor final.
Iughetti explica que o consumidor acabou não sentindo as (poucas) reduções operadas pela Petrobras ao longo de 2021 pelo seguinte fator: a disparidade entre a velocidade dos reajustes e do esgotamento dos estoques de combustíveis.
Como há poucas baixas e de forma mais isolada, elas demoram a chegar na ponta da cadeia. Normalmente quando elas estão chegando, é operada uma nova alta.
REDUÇÕES NO PREÇO DA GASOLINA:
- 1ª: março, só gasolina. Redução de 5,28% para R$ 2,69/L
- 2ª: março, gasolina e diesel. Redução de 3,71% para R$ 2,59/L
- 3ª: maio, gasolina e diesel. Redução de 1,9% para R$ 2,59/L
- 4ª: junho, só gasolina. Redução de 2,3% para R$ 2,53/L
REPASSE
Portanto, se o estabelecimento adquiriu combustível por um valor “X” e a Petrobras operou um reajuste para baixo, ele não consegue repassar imediatamente esse reajuste porque ainda está trabalhando com os estoques comprados pelo valor “X”.
Se ele vendesse, por exemplo, esse combustível por “X-2”, teria prejuízo.
“Se ele tiver seus estoques adquiridos com preços que haviam sido reajustados para cima, ele não vai vender aquele produto por um preço menor, ou ele acaba tendo prejuízo, diferentemente da Petrobras, que é o primeiro elo da cadeia, então quando há reajuste para cima, ela procede. Se for para baixo, ela reduz”, explica. “Os reajustes para baixo são mínimos”.
Para Iughetti, seria interessante se a dinâmica de reajustes pudesse ser de uma majoração e uma queda, de forma alternada, mas ele reforça que isso não acontece por causa do petróleo e da volatilidade do câmbio.
“Então o posto não pode comprar a um preço maior do que o preço que ele vende. Se ele pagar a mais pelo volume e considera essa baixa no preço final, não vai ter condições de se manter”, diz Iughetti.
REDUÇÕES
A primeira redução no preço da gasolina operada pela Petrobras ocorreu em março deste ano e a gasolina foi para R$ 2,69/o litro nas refinarias.
Ainda no mês de março, a Petrobras operou a segunda redução de 2021 e o combustível foi para R$ 2,59. Após essa redução, a gasolina sofreu elevação de preço novamente. Em maio, com o terceiro reajuste para baixo no ano, de 1,9%, o preço voltou para R$ 2,59.
A última vez em que a Petrobras reajustou para baixo o preço da gasolina foi em junho deste ano, de 2,3%, para R$ 2,53/o litro. O preço da gasolina nas refinarias acumula alta de 74% em 2021.
Fonte: Diário do Nordeste
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