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Redação

contato@acessepiaui.com.br

06/09/2021 - 09h03

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06/09/2021 - 09h03

Disparada no preço dos combustíveis é motivada pela cotação do dólar; entenda!

Alguns estados já registram gasolina a R$ 7 o litro; instabilidade econômica afeta cotação da moeda dos EUA.

 

 

A disparada no preço dos combustíveis, com a gasolina chegando a mais de R$ 7 em alguns estados, afeta não apenas o bolso, mas o ganha-pão de milhares de brasileiros. No Distrito Federal, onde o preço da gasolina comum nas bombas está sendo vendido R$ 6,69 o litro, o motorista de aplicativo Marcos Loureiro avalia até deixar de rodar pelas ruas de Brasília porque o negócio já não se sustenta.

Ao Brasil de Fato, ele afirma que, assim como ele, os motoristas da capital recusam a maior parte das corridas porque "não valem e pena". Somente as corridas de maior valor, quando o preço está dinâmico, compensam o deslocamento. 

Nos últimos meses, a gasolina acumula alta de 37%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na internet, o tema é um dos assuntos que mais despertam o interesse das pessoas. De acordo com o Google, o termo preço associado à palavra gasolina são os mais buscados no buscador pelo menos desde o início deste ano.

Além do interesse, virou fato de discussão política. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nas redes, evocando o próprio ídolo, atribuem aos governadores a culpa pelo preço, por causa da incidência de um imposto estadual, o ICMS, sobre os combustíveis. Ocorre que, além de não propriamente a causa do aumento, o ICMS sobre combustíveis tem se mantido praticamente nos mesmos patamares ao longo dos últimos anos.      
Para o professor Edmar Almeida, pesquisador do Instituo de Energia da PUC-Rio e docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o fator do preço estratosférico dos combustíveis é a cotação alta do dólar. 

"O brasileiro está discutindo a febre, mas não quer saber o que está causando a febre da carestia, do preço da gasolina, da carne, e todos os preços que tendem a acompanhar o preço internacional. O grande problema é o dólar, que chegou num patamar alto, em alguns momentos aproximando de R$ 6 reais", afirma.

A moeda norte-americana atualmente está cotada a R$ 5,25, no caso do dólar comercial, usado em transações de negócios. O dólar turismo, usado em viagens, está facilmente superando a barreira dos R$ 5,50 nas casas de câmbio.   

No Brasil, a Petrobras, principal empresa do setor de combustíveis, adota uma política de preços que acompanha a variação internacional do dólar e do barril de petróleo. Antes da pandemia, o preço do barril de petróleo era de 80 dólares, caiu para 20 dólares no auge da crise sanitária, entre abril e maio do ano passado, e veio se recuperando ao longo do último ano, fixado agora na faixa dos 65 dólares. Valor, todavia, inferior ao período antes da pandemia, mesmo com o preço dos combustíveis numa escalada incessante de aumento. 

"Entre 2011 e 2014, o preço do barril de petróleo ficou, me média, na faixa de 100 dólares. Quase 10 anos depois, estamos com preço bem abaixo. O problema do preço dos combustíveis é de desorganização da nossa macroeconomia. Quem via mal é a macroeconomia do Brasil", acrescenta Almeida.

O exemplo mais emblemático desse cenário é a super desvalorização acumulada da moeda brasileira no mercado internacional. Em 2020, por exemplo, o real acumulou quase 22,4% de queda frente ao dólar, ficando como a 6ª moeda que mais se desvalorizou no ano passado em relação ao dólar, segundo levantamento da consultoria Austin Rating. A moeda brasileira só ficou atrás das divisas da Venezuela, Seychelles, Zâmbia, Argentina e Angola. No início deste ano, a desvalorização piorou o e o Brasil ocupou a 4ª posição entre as moedas mais desvalorizadas, perdendo para países como Argentina, México e até nações muito pobres como Haiti e Libéria. 

ICMS não é vilão
Em Brasília, o Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu enviar à Câmara Legislativa um projeto de lei (PL) que prevê a redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os combustíveis. A proposta é que os valores caiam três pontos percentuais em três anos, a contar de janeiro de 2022, baixando dos atuais 28% para 25% até 2024, no caso da gasolina. E de 15% para 12%, em relação ao diesel. De acordo com o texto do PL, ao longo dos próximos três ano, o governo distrital abriria mão de uma receita tributária de mais de R$ 345,4 milhões, que seria a menor taxa de ICMS praticada no Brasil, que gira entre 25% e 34% atualmente.

A medida não deixa de ser uma reação do governador Ibaneis Rocha (MDB) à pressão que Bolsonaro tem feito contra gestores estaduais, na tentativa de transferir a responsabilidade pela alta dos preços. Após ser anfitrião de uma reunião do Fórum de Governadores, nesta segunda-feira (23), o chefe do Executivo no DF reagiu ao presidente. 

“Houve nove reajustes de combustíveis. Isso é gerado pela instabilidade política pelo que passa o Brasil, que faz com que o dólar chegue a quase R$ 6 e puxe o preço do combustível. Precisamos de um ambiente de harmonia, onde o empresário consiga trabalhar e possamos atrair investimentos internacionais”, afirmou Ibaneis.

De acordo com o professor Edmar Almeida, da UFRJ e PUC-Rio, o presidente Jair Bolsonaro dissemina desinformação para evitar que a causa do problema seja evidenciada.  "Isso é cortina de fumaça. Não houve aumento de ICMS durante pandemia, então você não pode atribuir o aumento a isso. A gasolina poderia estar em um preço bem inferior se o dólar estivesse na faixa de R$ 3,50 a R$ 4. O Brasil está perdendo uma energia enorme discussão. Tivemos uma desvalorização média de 30% do real frente ao dólar nos últimos anos. Isso tudo teve a ver com a política econômica adotada".

Fonte: BdF Distrito Federal

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