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Redação

contato@acessepiaui.com.br

02/03/2021 - 09h56

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02/03/2021 - 09h56

Mentiras também matam; por Merlong Solano

 

Banner postado pelo Senador Ciro Nogueira (PP-PI), nas redes sociais.

 Banner postado pelo Senador Ciro Nogueira (PP-PI), nas redes sociais.

A máxima da propaganda nazista, segundo a qual uma mentira repetida mil vezes pode virar verdade, está sendo repetida pelo presidente Bolsonaro e pelo senador Ciro Nogueira. Considero incrível como algumas migalhas de poder e dinheiro podem fazer um senador da República, presidente de um grande partido, abrir mão de valores éticos básicos, como o de falar a verdade.

Embarcado na canoa bolsonarista, que agora pretende desvincular os recursos constitucionais destinados à educação e à saúde, Ciro Nogueira tenta fazer crer que o governo federal enviou R$ 19 bilhões para o Piauí combater a pandemia do novo coronavírus e ataca uma das medidas mais eficazes contra o aumento do número de mortes no momento: o distanciamento social.

Com essa mentira e essa insanidade de negar o distanciamento social, ele e seu chefe atacam o governador Wellington Dias e todos os prefeitos e prefeitas do Piauí, assim como mostram que não têm amor à vida dos piauienses. Como o governo federal não cuidou de comprar vacinas na época certa, a vacinação segue lentamente por falta de doses. Diante disso, só a prevenção (máscara, limpeza das mãos e distanciamento social) é capaz de salvar vidas.

Querem passar a informação mentirosa de que governadores e prefeitos estão nadando em dinheiro para combater a Covid-19. Nesta medida, o senador está acusando todos os gestores de desvio ou de deixarem o dinheiro em caixa e não aplicarem no combate à pandemia.

A mentira deslavada de Bolsonaro, ratificada pelo senador Ciro, é de que passou R$ 19 bilhões para o Piauí como se fosse uma doação do governo federal para combater a pandemia. Propositalmente, Bolsonaro mistura tudo no mesmo pacote, inclusive recursos que pertencem aos estados e aos municípios de acordo com a Constituição: Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos Municípios (FPM), FUNDEB, SUS, Royalties. Inclui também o auxílio emergencial, que Bolsonaro queria que fosse de duzentos reais, mas o Congresso Nacional fixou em seiscentos reais.

Na vida real, que não se dobra ao folhetim maniqueísta do senador, o que o Brasil assiste diariamente é um espetáculo presidencial de desrespeito à vida, ao tempo em que seu Ministério da Saúde não consegue garantir vacinas, e ainda descredencia leitos de UTI no momento em que a pandemia está em elevação, fato que está levando os estados ao Supremo Tribunal Federal, para resgatar o financiamento dos leitos pelo Ministério da Saúde.

Finalizo dizendo que, na verdade, gostaria de estar tratando de pautas positivas junto com o senador e demais membros da bancada federal do Piauí, como a preservação e o aperfeiçoamento do FUNDEB e do SUS, assim como a Reforma Tributária. Como não há abertura para esse diálogo, penso que é preciso estabelecer o mínimo de civilidade, sem artimanhas, sem jogar para a plateia. Afinal, mentiras também matam. Foi assim que chegamos ao cenário desolador de mais de 250 mil mortos pela Covid-19 no Brasil.

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Merlong Solano é professor da UFPI e deputado federal (PT-PI). 

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