Temos uma empresa que é responsável por boa parte do fornecimento de gases medicinais para todo o Brasil. O Piauí já entrou em contato com a empresa que garante que tem capacidade de até triplicar a oferta. Mas para nós é preocupante porque leitos de UTI, normalmente, têm redes de gases, trabalham com tanques de oxigênio, tanques de niutrogênio líquido. Isso é mais fácil de ter uma periodicidade de troca a cada três ou quatro dias", explica Noronha.
Por outro lado, o infectologista esclarece que "leitos de enfermaria não têm rede de gases, o paciente é dependente de cilindros de oxigênio, a depender do tamanho, você precisa trocar de quatro a sete vezes por dia por paciente e isso é preocupante. A gente tem que se organizar. Se a população não obedecer essas medidas e nós aumentarmos essa taxa de ocupação é um cenário possível", completa o infectologista.
José Noronha chama atenção para a diferença entre o pico da doença, no início da pandemia, e o atual momento.
Até vimos uma ocupação exacerbada dos leitos de UTI, mas o que é novo pra gente é ocupação dos leitos clínicos também. No último relatório, temos ocupação de mais de 84% dos leitos de UTIs públicos na Capital e quase 80% de leitos clínicos na Capital. Tudo isso é um cenário crítico para quem está gerenciando esses leitos, pra quem está buscando oferecer esses leitos para a população", reitera.
Em entrevista ao Jornal Cidade Verde, o infectologista comentou ainda sobre a dificuldade para aquisição de insumos, situação que havia sido alertada ontem (22) pelo presidente da Fundação Municipal de Saúde, Gilberto Albuquerque. Ele enfatiza que a situação é grave e afeta a rede pública e privada do estado.
"Estamos dificuldades de conseguir materiais, EPIs, filtros bacterianos para os ventiladores, medicamentos relacionados ao paciente covid de UTI: sedativos, analgésicos opióides e bloqueadores neuromusculares. Uma vez que o paciente tem indicação de fazer isso pra melhorar a mecânica respiratória e não se tenha acesso a isso no hospital, esse paciente, involuntariamente, vai aumentar a inflamação pulmonar e vai evoluir de forma pior. Isso é muito grave. Temos que controlar a propagação da doença, reduzir a quantidade de pessoas que estão precisando de leitos porque a doença se propaga em diversos estados de forma simultânea, diferente do que ocorreu no passado, que foi mais uma onda", completou José Noronha.
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