O coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, lucrou com a realização de palestras, montou um plano de negócios junto ao colega Roberson Pozzobom e cogitou criar uma empresa em nome das esposas para evitar questionamentos. A informação foi revelada nesse sábado (14) pelo portal The Intercept Brasil, em reportagem produzida em parceria com o jornal Folha de S. Paulo.
A partir dos vazamentos, não é possível precisar o valor obtido com os eventos. O que se sabe é que em 2016, ano da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dallagnol faturou ao menos R$ 219 mil. Em outro diálogo, ele expõe um plano de negócios que resultaria em ganhos de R$ 400 mil.
“Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, disse Dallagnol em conversa com a esposa. No mesmo mês, o procurador e seu colega na força-tarefa da Lava Jato criaram um chat específico para discutir o tema, com a participação das esposas de ambos.
Em 14 de fevereiro de 2019, Dallagnol propôs que a empresa fosse aberta em nome das mulheres, e que a organização dos eventos ficasse a cargo da firma Star Palestras e Eventos para evitar questionamentos. Dallagnol alertou para a possibilidade de a estratégia levantar suspeitas: “É bem possível que um dia ela seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa”. Pozzobom ironiza: “Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham”.
Um parecer do Conselho Nacional do Ministério Público de 2017 liberou Dallagnol para seguir dando palestras, mas deixou claro que haveria irregularidade se o procurador fosse caracterizado como empresário, assumindo os riscos de lucro ou prejuízo do negócio.
Moro e Janot
Outros dois personagens da operação Lava Jato são citados na reportagem: o então juiz Sérgio Moro e o ex-procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot. Nos dois momentos em que são citados, Moro e Janot são convidados por Dallagnol para palestras e eventos. Moro participou com Dallagnol em agosto de 2017 do 1º Congresso Brasileiro da Escola de Altos Estudos Criminais em São Paulo.
O diálogo com Janot, em junho de 2018, deixa claro a relação íntima entre os dois. “Oi amigo kkkkkk”, disse o ex-PGR ao ser abordado por Dallagnol, que havia escrito: "Vc faz uma faaaaaaaltaaaaa".
Os procuradores dizem que “não reconhecem as mensagem que têm sido atribuídas a eles”, que o material “não pôde ter seu contexto e veracidade comprovado” e que “palestras remuneradas são prática comum no meio jurídico por parte de autoridades públicas e em outras profissões”,
Janot, que se aposentou e hoje atua como advogado, informou via assessoria de imprensa que “prefere não comentar o conteúdo da conversa com o procurador Dallagnol”. Moro foi procurado, mas não respondeu.
A Star Palestras disse que não iria se manifestar sobre o tema, mas enfatizou que a empresa atua “observando a lei e os princípios éticos”.
A partir dos vazamentos, não é possível precisar o valor obtido com os eventos. O que se sabe é que em 2016, ano da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dallagnol faturou ao menos R$ 219 mil. Em outro diálogo, ele expõe um plano de negócios que resultaria em ganhos de R$ 400 mil.
“Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, disse Dallagnol em conversa com a esposa. No mesmo mês, o procurador e seu colega na força-tarefa da Lava Jato criaram um chat específico para discutir o tema, com a participação das esposas de ambos.
Em 14 de fevereiro de 2019, Dallagnol propôs que a empresa fosse aberta em nome das mulheres, e que a organização dos eventos ficasse a cargo da firma Star Palestras e Eventos para evitar questionamentos. Dallagnol alertou para a possibilidade de a estratégia levantar suspeitas: “É bem possível que um dia ela seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa”. Pozzobom ironiza: “Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham”.
Um parecer do Conselho Nacional do Ministério Público de 2017 liberou Dallagnol para seguir dando palestras, mas deixou claro que haveria irregularidade se o procurador fosse caracterizado como empresário, assumindo os riscos de lucro ou prejuízo do negócio.
Moro e Janot
Outros dois personagens da operação Lava Jato são citados na reportagem: o então juiz Sérgio Moro e o ex-procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot. Nos dois momentos em que são citados, Moro e Janot são convidados por Dallagnol para palestras e eventos. Moro participou com Dallagnol em agosto de 2017 do 1º Congresso Brasileiro da Escola de Altos Estudos Criminais em São Paulo.
O diálogo com Janot, em junho de 2018, deixa claro a relação íntima entre os dois. “Oi amigo kkkkkk”, disse o ex-PGR ao ser abordado por Dallagnol, que havia escrito: "Vc faz uma faaaaaaaltaaaaa".
Os procuradores dizem que “não reconhecem as mensagem que têm sido atribuídas a eles”, que o material “não pôde ter seu contexto e veracidade comprovado” e que “palestras remuneradas são prática comum no meio jurídico por parte de autoridades públicas e em outras profissões”,
Janot, que se aposentou e hoje atua como advogado, informou via assessoria de imprensa que “prefere não comentar o conteúdo da conversa com o procurador Dallagnol”. Moro foi procurado, mas não respondeu.
A Star Palestras disse que não iria se manifestar sobre o tema, mas enfatizou que a empresa atua “observando a lei e os princípios éticos”.
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