Na entrevista que Lula concedeu na última sexta-feira, 26/04, a Folha e ao El País, o ex-presidente mostrou-se otimista e falou sobre saídas para a crise que enfrenta o país e fez desafios aos empresários e ao povo.
"Às vezes, eu fico chateado porque tem muitos empresários covardes. Que poderiam nesse instante estar brigando pelos interesses do Brasil. Indústria forte é bom para o Brasil, nós precisamos ter indústria forte, empresário forte. Cadê essa gente que não se manifesta? Estamos vendo destruírem a educação, cadê o pessoal que não se manifesta? Então eu acho que, como já provamos que é possível construir esse país, as pessoas têm que acreditar que depende de nós, de cada um".
Otimismo e confiança
"Se querem otimismo, é comigo mesmo. Vamos lembrar que, quando fui eleito em 2002, qual era a lógica do Brasil. 'O Brasil tinha uma dívida externa impagável. O Brasil está quebrado. E você não vai conseguir governar o país'. Foi assim que eu entrei para ser presidente da República. Quando entrei no sindicato, também disseram 'olha, tem a lei de greve, a estrutura sindical e você não vai conseguir mudar o sindicato'. Em três anos, a gente mudou o sindicalismo brasileiro. E em três anos nós começamos a mudar o Brasil.
Por isso que eu digo que você tem que ter credibilidade, tem que construir uma relação de confiança com a sociedade, e você tem que fazer com que a sociedade confie em você. Interna e externa. Às vezes, eu fico chateado porque tem muitos empresários covardes. Que poderiam nesse instante estar brigando pelos interesses do Brasil. Indústria forte é bom para o Brasil, nós precisamos ter indústria forte, empresário forte. Cadê essa gente que não se manifesta? Estamos vendo destruírem a educação, cadê o pessoal que não se manifesta? Então eu acho que, como já provamos que é possível construir esse país, as pessoas têm que acreditar que depende de nós, de cada um.
Não adianta ficar xingando o Bolsonaro e achando que ele vai fazer. Ele não vai fazer. Quem coloca os ministros da Educação que ele colocou não gosta de educação. Quem coloca o cara do meio-ambiente que ele colocou não gosta de meio-ambiente. Quem coloca o Guedes na economia não gosta do povo. Ao invés de ficar esperando que o Bolsonaro resolva nosso problema, nós temos que, enquanto sociedade civil organizada, começar a se mexer, a lutar, a brigar pelos nossos interesses, cobrar o Congresso Nacional, fazer pressão. Você acha que vamos evitar a aprovação da Previdência social como eles querem fazendo uma manifestação na Paulista? Não. A manifestação tem que ser na cidade do deputado federal. Tem que ser na porta da casa dele, na rua dele. Se não, como é que o Bolsonaro trabalha? Robô mandando zap para senador, para deputado, para um monte de gente. 'Ah eu votei em tal coisa porque recebi muito zap'. Nós temos que brigar.
Meu otimismo é esse: nunca dependi de nada, nunca dependi de favor, nunca fiquei esperando. Temos que construir a nossa proposta e ir para a rua tentar construí-la. Via Congresso Nacional, via pressão em cima do governo. É uma disputa. Nós estamos vendo na Inglaterra se manifestando. Ontem eu vi um velhinho de 89 anos fazendo manifestação em frente a um banco pela preservação ambiental. Eu vejo os coletes verdes na França, agora não sabem nem pelo que tão brigando mais, mas tão brigando todo dia. E no Brasil nós temos que fazer isso. Estão tirando os nossos direitos. Antigamente, você tinha os europeus perdendo direito. E o Brasil ganhando direito. Nós nem chegamos aos direitos que eles chegaram e já perdemos. Porque eles estão desmontando tudo que nós conquistamos. Simplesmente destruindo. Quando falam de reforma política, na verdade eles são demolidores do futuro dos nossos velhinhos. Também nunca vi unanimidade no meio de comunicação favorável à reforma. Eu assisto muito debate. Não tem um cara contrário que vai ao debate. Só gente favorável. É impressionante. Se eu fosse um jornalista da Globo, eu dizia 'é impressionante como só tem gente a favor. Voltamos a ter um pensamento único a favor da reforma'. Discute, gente. É o povo.
Esse Guedes daqui a pouco vai embora. O Guedes, a hora que ele cair, ele vai morar nos EUA e ninguém vai nem lembrar dele. Mas quem vai ficar com uma vida desgraçada são mulheres e homens que trabalharam a vida inteira nesse país. Então a hora de lutar é agora. Como é que o cara manda um projeto para a comissão aprovar admissibilidade e não mostra o que é? 'Não posso mostrar, é segredo'. Gente do céu, você está tratando com os interesses de milhões de homens e mulheres, você não está tratando com interesse de banqueiro. Todo esse sacrifício do povo brasileiro para favorecer o Santander, para favorecer o Itaú, o Bradesco. Que palhaçada é essa com o nosso país?
Então o povo tem que saber que o otimismo está dentro de nós. Com um mandato de quatro anos, a gente tem que saber que esse cara ganhou as eleições, a gente goste ou não goste, a gente tem que saber que ele pode imprimir o jeito dele governar e cabe a gente aceitar ou não. Se a gente não aceita, tem que lutar. Tem que ir para a rua, tem que dizer para o povo, tem que brigar. É assim que a gente faz política. Achar que o Bolsonaro vai fazer o que você quer, esqueça".
"Às vezes, eu fico chateado porque tem muitos empresários covardes. Que poderiam nesse instante estar brigando pelos interesses do Brasil. Indústria forte é bom para o Brasil, nós precisamos ter indústria forte, empresário forte. Cadê essa gente que não se manifesta? Estamos vendo destruírem a educação, cadê o pessoal que não se manifesta? Então eu acho que, como já provamos que é possível construir esse país, as pessoas têm que acreditar que depende de nós, de cada um".
Otimismo e confiança
"Se querem otimismo, é comigo mesmo. Vamos lembrar que, quando fui eleito em 2002, qual era a lógica do Brasil. 'O Brasil tinha uma dívida externa impagável. O Brasil está quebrado. E você não vai conseguir governar o país'. Foi assim que eu entrei para ser presidente da República. Quando entrei no sindicato, também disseram 'olha, tem a lei de greve, a estrutura sindical e você não vai conseguir mudar o sindicato'. Em três anos, a gente mudou o sindicalismo brasileiro. E em três anos nós começamos a mudar o Brasil.
Por isso que eu digo que você tem que ter credibilidade, tem que construir uma relação de confiança com a sociedade, e você tem que fazer com que a sociedade confie em você. Interna e externa. Às vezes, eu fico chateado porque tem muitos empresários covardes. Que poderiam nesse instante estar brigando pelos interesses do Brasil. Indústria forte é bom para o Brasil, nós precisamos ter indústria forte, empresário forte. Cadê essa gente que não se manifesta? Estamos vendo destruírem a educação, cadê o pessoal que não se manifesta? Então eu acho que, como já provamos que é possível construir esse país, as pessoas têm que acreditar que depende de nós, de cada um.
Não adianta ficar xingando o Bolsonaro e achando que ele vai fazer. Ele não vai fazer. Quem coloca os ministros da Educação que ele colocou não gosta de educação. Quem coloca o cara do meio-ambiente que ele colocou não gosta de meio-ambiente. Quem coloca o Guedes na economia não gosta do povo. Ao invés de ficar esperando que o Bolsonaro resolva nosso problema, nós temos que, enquanto sociedade civil organizada, começar a se mexer, a lutar, a brigar pelos nossos interesses, cobrar o Congresso Nacional, fazer pressão. Você acha que vamos evitar a aprovação da Previdência social como eles querem fazendo uma manifestação na Paulista? Não. A manifestação tem que ser na cidade do deputado federal. Tem que ser na porta da casa dele, na rua dele. Se não, como é que o Bolsonaro trabalha? Robô mandando zap para senador, para deputado, para um monte de gente. 'Ah eu votei em tal coisa porque recebi muito zap'. Nós temos que brigar.
Meu otimismo é esse: nunca dependi de nada, nunca dependi de favor, nunca fiquei esperando. Temos que construir a nossa proposta e ir para a rua tentar construí-la. Via Congresso Nacional, via pressão em cima do governo. É uma disputa. Nós estamos vendo na Inglaterra se manifestando. Ontem eu vi um velhinho de 89 anos fazendo manifestação em frente a um banco pela preservação ambiental. Eu vejo os coletes verdes na França, agora não sabem nem pelo que tão brigando mais, mas tão brigando todo dia. E no Brasil nós temos que fazer isso. Estão tirando os nossos direitos. Antigamente, você tinha os europeus perdendo direito. E o Brasil ganhando direito. Nós nem chegamos aos direitos que eles chegaram e já perdemos. Porque eles estão desmontando tudo que nós conquistamos. Simplesmente destruindo. Quando falam de reforma política, na verdade eles são demolidores do futuro dos nossos velhinhos. Também nunca vi unanimidade no meio de comunicação favorável à reforma. Eu assisto muito debate. Não tem um cara contrário que vai ao debate. Só gente favorável. É impressionante. Se eu fosse um jornalista da Globo, eu dizia 'é impressionante como só tem gente a favor. Voltamos a ter um pensamento único a favor da reforma'. Discute, gente. É o povo.
Esse Guedes daqui a pouco vai embora. O Guedes, a hora que ele cair, ele vai morar nos EUA e ninguém vai nem lembrar dele. Mas quem vai ficar com uma vida desgraçada são mulheres e homens que trabalharam a vida inteira nesse país. Então a hora de lutar é agora. Como é que o cara manda um projeto para a comissão aprovar admissibilidade e não mostra o que é? 'Não posso mostrar, é segredo'. Gente do céu, você está tratando com os interesses de milhões de homens e mulheres, você não está tratando com interesse de banqueiro. Todo esse sacrifício do povo brasileiro para favorecer o Santander, para favorecer o Itaú, o Bradesco. Que palhaçada é essa com o nosso país?
Então o povo tem que saber que o otimismo está dentro de nós. Com um mandato de quatro anos, a gente tem que saber que esse cara ganhou as eleições, a gente goste ou não goste, a gente tem que saber que ele pode imprimir o jeito dele governar e cabe a gente aceitar ou não. Se a gente não aceita, tem que lutar. Tem que ir para a rua, tem que dizer para o povo, tem que brigar. É assim que a gente faz política. Achar que o Bolsonaro vai fazer o que você quer, esqueça".
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.