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Redação

contato@acessepiaui.com.br

10/10/2018 - 08h54

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10/10/2018 - 08h54

Planos econômicos de Haddad e Bolsonaro são superficiais, dizem analistas

Para o mercado, tanto Haddad como Bolsonaro precisam mostrar viabilidade de suas propostas.

 

 

Folha de São Paulo | Passada a euforia dos investidores nesta segunda-feira (8), agentes do mercado cobram que os candidatos no segundo turno da corrida presidencial usem as próximas semanas para detalhar suas propostas econômicas e mostrar como planejam executá-las.

A crítica é que as agendas são superficiais e geram incertezas, tanto do lado do candidato petista, Fernando Haddad, como do de Jair Bolsonaro, do PSL.
O ponto central é como eles vão combater o crescente déficit fiscal do país, apontam economistas, entidades e empresários ouvidos pela Folha. 

O primeiro turno mostrou um voto contra algo, mas no segundo turno é preciso entender a que dizer 'sim'. Os planos de governo apresentaram linhas gerais muito rasas", diz Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman.


Para Rodrigo Soares, professor de políticas públicas brasileiras da Universidade Columbia, o PT de Fernando Haddad, que passou com 29,3% dos votos válidos, reforçou "muito da história do partido, da adoção de políticas econômicas desenvolvimentistas desastrosas, com interferência nas estatais".

No caso de Bolsonaro, que abriu ampla vantagem com 46% dos votos, as políticas são vistas como menos prejudiciais, ao menos no curto e médio prazos. Sua equipe fez claro aceno ao mercado falando em privatizações e enxugamento do Estado. 

Mas a avaliação é que falta substância às propostas. "É muito genérico. Há a expectativa de uma política liberal, mas mesmo isso não é muito bem definido", diz Soares.

O consenso é que o ponto de partida para o ajuste nas contas públicas deve ser uma reforma da Previdência.

Sobre Haddad, o mercado quer entender primeiro se alterações nas regras de aposentadoria são uma prioridade.

Em seu programa, o PT refuta a necessidade de uma reforma, embora estabeleça como meta a convergência dos regimes geral e dos servidores. 
Publicamente, Haddad já indicou ver necessidade de mudança nas regras de acesso, mas afirmou que o processo tem de ser negociado e não pode recair sobre os mais pobres.

Bolsonaro diz querer introduzir gradualmente o regime de capitalização, em que cada trabalhador faz a sua própria poupança. Como novos participantes poderiam optar entre o sistema novo e o velho, porém, economistas veem risco inicial de aumento do déficit. 

Além disso, por Bolsonaro ser capitão reformado do Exército, há dúvidas se militares seriam incluídos numa reforma.

Especialistas reforçam que mudar o sistema de aposentadoria é apenas o primeiro passo do ajuste, que precisa incluir ainda alterações na forma de tributação, por exemplo.

Nenhuma das duas equipes tinha muita certeza de suas propostas. O PT se confundiu ao falar em aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda sem contar que isso beneficiaria também quem ganha mais. No caso de Bolsonaro, parece que nem sequer foi feito cálculo para propor a alíquota única de 20%", diz Sérgio Gobetti, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). 


Os candidatos precisam mostrar que têm compreensão do desafio fiscal estrutural, diz Samuel Pessôa, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre e colunista da Folha.

"Será necessário aumentar impostos ou reduzir gastos ou ambos. Não está claro como farão nenhuma das opções", diz.

 

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