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Redação

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28/09/2018 - 10h50

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28/09/2018 - 10h50

Zé Dirceu fala sobre livro que lança em Teresina e da conjuntura política

Lançamento será nesta sexta, 28/09, as 18 h, no auditório do Centro Artesanal Mestre Dezinho, na Praça Pedro II.

 

Ex-ministro José Dirceu lança livro: Zé Dirceu Memórias

 Ex-ministro José Dirceu lança livro: Zé Dirceu Memórias

O ex-ministro José Dirceu lança nesta sexta-feira, 28/09, em Teresina, o livro "Zé Dirceu Memórias". O lançamento será as 18 h, no auditório do Centro Artesanal Mestre Dezinho, na Praça Pedro II. 

Conjuntura eleitoral 
 

Ex-ministro da Casa Civil no governo Lula e um dos principais quadros históricos do PT e da esquerda brasileira, José Dirceu disse que uma eventual eleição de Jair Bolsonaro para presidente levaria o Brasil a um retrocesso democrático.

“Retrocesso não só democrático, mas principalmente um retrocesso gravíssimo que fará o Brasil andar 50 anos para trás nos direitos da mulher, na questão do combate ao racismo, na questão da igualdade, na questão de aceitar a diferença, [na questão] de terminar os preconceitos no país. Inclusive com [risco de] censura, pois vivem querendo censurar exposição de arte”, afirmou Dirceu, em entrevista nesta quarta ao “Jornal da CBN – 2ª Edição”.

Segundo o petista, o candidato do PSL ao Palácio do Planalto tem um programa econômico, proposto por seu assessor Paulo Guedes, que seria “um arrasa-quarteirão de neoliberalismo, de austeridade radical”. Para Dirceu, “a Argentina está aí para mostrar para nós o que dá isso.”

Livro de memórias 

Para comentar o livro “Zé Dirceu, Memórias – volume 1”, o ex-ministro falou da militância contra a ditadura, dos governos Lula e Dilma e do quadro eleitoral atual. Afirmou que o seu maior arrependimento foi “ter devolvido a articulação política” depois de ter assumido essa missão quando virou ministro da Casa Civil em 2003.

Dirceu relata memórias que foram escritas na prisão que vão até o momento em que deixou o governo Lula, no caso do mensalão em 2005. Disse que não foi adiante por falta de tempo e para não ver seu livro ser usado politicamente na campanha eleitoral deste ano.

“Trabalhava de segunda a quinta [na prisão]. Sexta é dia de visita. Eu só escrevia sábado e domingo, até porque são dias que eu chamo de depressão pós-visita. Os presos sempre procuram alguma convivência comum para superar. Eu escrevia. Escrevi um ano e um mês. (…) Também acabaria tendo um uso na eleição de 18, se escrevesse sobre o primeiro e o segundo governos da Dilma. Seria objeto de muita discussão durante o próprio processo eleitoral”, contou.

Ditadura e resistência

Dirceu argumentou que não foi “surpresa” uma resistência armada à ditadura de 1964, que perseguia opositores, torturava e assassinava. Mas admitiu um equívoco. “O erro nosso foi a forma como fizemos, o momento e a nossa incapacidade de reconhecer que havia descolamento total entre a esquerda armada e os movimentos [sociais].”

Ele emendou: “Considero que, sim, nós erramos ao optar pela luta armada, mas não deixamos de fazer a luta política”.

Ao falar de eventual ação armada da qual teria participado, Dirceu se contradiz. Deu a entender que sim, mas depois disse “nunca” ter participado de nenhum confronto desse tipo. “Tomei a decisão de não relatar ações armadas porque há outros que estão vivos ainda e eu não posso fazê-lo sem conversar com eles.

Como escrevi preso, não o fiz. Nem pretendo fazer pelo menos enquanto não chegar nos 80 anos. Também não vejo sentido em relatar minha participação nessa ou naquela ação armada, porque são fatos que ainda, no país, não foram adequadamente resolvidos.”

Erros do PT no governo

Dirceu respondeu assim à questão sobre eventual mea culpa petista: “Erros, nós cometemos muitos, mas o balanço é que nossos acertos foram maiores. Do contrário, não teríamos a votação que o Lula teria para presidente. Ele ganharia a eleição, tudo indica, no primeiro turno.”

“[Sobre] a questão do ódio e da violência, nós nunca pregamos o ódio e a violência. O governo do Lula foi um governo de diálogo, de conciliação. O Lula sempre buscou consenso, a participação, criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, sempre buscou a negociação com governadores e prefeitos, com o Congresso Nacional. Inclusive o governo da Dilma também. A relação do Lula com o Congresso e com a política era uma e da Dilma foi outra.”

“Nós sofremos a violência, ódio nas ruas, entre 2013 e 2016, fomos cuspidos, chutados, nossa bandeira foi rasgada, expulsos de ambientes públicos e não respondemos na mesma altura.”

“O problema nosso é que nós não mobilizamos a sociedade para pressionar o Congresso, como foi feito para tirar a Dilma num golpe parlamentar, sob pressão de milhões de pessoas do país todo. (…) Não acredito que seja por isso que ela foi tirada [erros na política e na economia]. A Dilma propôs um ajuste fiscal que o próprio Tasso Jereissati [senador e ex-presidente do PSDB] reconhece que eles votaram contra. (…) A recessão teria sido passageira.”

“Por que a Dilma não pode cumprir o mandato, se o Fernando Henrique [presidente entre 1995 e 2002] cumpriu o mandato dele dobrando a dívida pública, elevando a carga tributária, quebrando o país duas vezes com a questão do câmbio fixo?”, indaga, lembrando que ele foi contra o PT pedir impeachment do tucano.

Para ser reeleito, argumenta o petista, FHC não disse que iria desvalorizar o câmbio e depois desvalorizou. “Nem por isso é razão para derrubar o Fernando Henrique, fazer impeachment do Fernando Henrique, como foi da Dilma. Foi um erro o impeachment, um erro gravíssimo, rompeu o pacto social e político que levou anos, décadas para o Brasil reconstruir… agora o país está pagando por isso.”

Tese de extremismos

Dirceu rebate a tese de alguns analistas de que o PT teria atitude extremista semelhante à de Bolsonaro. “O PT, mesmo impedido o Lula de ser candidato, decisão infame, está na disputa eleitoral apresentando candidato com uma vice do PC do B. Fez uma aliança com o Pros. O PT está completamente dentro da democracia. (…) Se ganharmos, temos o direito de aplicar nosso programa e de levar para o Congresso as nossas reformas. (…) Vamos governar dentro daquilo que a Constituição permite. Apesar de tudo o que aconteceu, estamos disputando eleição dentro das regras.”

Acusações e condenações

Dirceu disse que as acusações e condenações que sofreu na Lava Jato são injustas e falsas. Afirma que deu consultoria, como “60 empresas declararam” em depoimentos judiciais a respeito dele. Ele afirmou que não há provas, mas “condenação política”.

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Com informações do jornalista Kennedy Alencar, no Blog do Kennedy. 

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