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Redação

contato@acessepiaui.com.br

16/05/2018 - 09h44

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16/05/2018 - 09h44

Estudo aponta viabilidade para transportar água do rio Parnaíba para Fortaleza

A pesquisa indica um custo estimado de US$ 250 milhões para a execução projeto.

 

 

O cenário é conhecido no Ceará: necessidade de equacionar a demanda por água e as alternativas de abastecimento diante da escassez hídrica. O que fazer? Transportar águas de um rio de grande vazão para abastecer áreas urbanas, é uma das respostas. Mas, a proposta, que já é conhecida e usada, foi incrementada por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A ideia defendida pelo grupo, é que essa transposição ocorra por meio de tubulação subaquática, movida por energia eólica. A projeção do grupo é que assim as águas do Rio Parnaíba, no Piauí, podem viajar 400 km e garantir o abastecimento de Fortaleza. A matéria foi publicada pelo Diário do Nordeste.

A ideia é que água potável da foz do Rio Parnaíba seja captada e conduzida para Fortaleza por um duto abaixo do nível do mar, seguindo a rota do litoral. Uma das diferenças dessa ideia para as chamadas aduções terrestres, já conhecidas - transposição do Rio São Francisco e a do Açude Castanhão - , além do caminho percorrido pela água, é que a energia para transportar o recurso seria fornecida por turbinas eólicas no mar, explica um dos pesquisadores, professor do Departamento de Engenharia Agrícola da UFC, Daniel Albiero. Segundo o professor, essa forma de transporte, evitaria um dos grandes gargalos das aduções terrestres: a evaporação.

Outro diferencial, explica ele, é o custo para a operação do transporte das águas. "No transporte de água, você não tem sempre a gravidade ajudando. Tem que ter as estações de bombeamento que chega a dar 60% do custo operacional de um sistema de transporte de água", reforça.

Na adução subaquática, conforme a pesquisa apresentada pelos professores, não haveria nenhum custo energético, pois a energia necessária para impulsionar o fluxo das águas seria gerada pelo vento. "Usaria a energia do vento em alto mar. Seria adequada para transportar essa água, pois o sistema estará no mesmo nível".

A estimativa é que a energia necessária para vencer a resistência da tubulação seria oriunda de uma pequena estação eólica afastada da costa, localizada entre os municípios de Parnaíba (PI) e Camocim (CE).

A viabilidade da proposta foi avaliada e divulgada em um artigo científico em na revista internacional Water, este ano. O estudo aponta um custo estimado de US$ 250 milhões para a projeto. A tubulação subaquática, segundo Daniel, seria instalada a uma distância de 2 a 3 km mar adentro. Com uma profundidade de 20 a 25 metros, com escoras fincadas no fundo do mar.

Para localizar os tubos submarinos, escolhemos um caminho que otimizasse o consumo de materiais e, ao mesmo tempo, possibilitasse a conformação adequada do litoral entre a foz do rio e o ponto de entrega na metrópole", argumentam os pesquisadores.


Escolha

Daniel explica ainda que três fatores influenciaram a escolha do Rio Parnaíba nessa proposta de alternativa de abastecimento: a vazão média do rio, que é de 763 m³/s, suficiente para suprir as necessidades da capital cearense, a qualidade da água - própria para consumo e a proximidade do rio com Fortaleza. "O Rio Parnaíba já é utilizado para abastecimento. Pode até ter algumas partes poluídas, mas na foz ele não é", reforça o pesquisador.

O professor defende que esse tipo de adutora, embora seja novidade no Brasil, não é "fora do comum" e já conta com experiências bem sucedidas em outras partes do mundo. No artigo, os pesquisadores dizem que recentemente, "a construção de um oleoduto submarino de 80 km de profundidade, de 8.000 metros de profundidade no Mediterrâneo, para transferir água da Turquia, para a estação de bombeamento de Güzelyali, no norte de Chipre, tornou as capturas subaquáticas uma opção realista para o consumo transfronteiriço". Além da transposição de para Fortaleza, a pesquisa analisou a viabilidade de adução subaquáticas do Rio Huanghe para a cidade de Dalian, na China, e do Rio Nilo, no Egito, para Tel Aviv/Gaza, em Israel e na Palestina.

Contudo, o professor ressalta que no território latino-americano essa proposição é inovadora "No Brasil não existe nada parecido com isso. De trazer água do mar movimentado por energias, essa ideia de adução subaquáticas movidas por eólicas".

Questionado se após a divulgação da pesquisa, houve algum contato com representante do poder público para sugestão do projeto no Ceará, Daniel informou que não. Desde abril deste ano, o Decreto 9.335/2018, estabeleceu que a bacia hidrográfica do Rio Parnaíba - que possui áreas do Piauí, Maranhão e Ceará - passou a contar com um comitê de bacia. O colegiado tem, dentre as funções, estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados.

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