Para a senadora, “o que estão fazendo com a Marielle é desumano, é nojento”. Ela se referia à campanha difamatória nas redes sociais, que chegou a incluir uma desembargadora . “Fico na dúvida se foi uma juíza mesmo que disse que Marielle tinha que morrer”, duvidou. Em postagem em suas redes sociais, a juíza reproduziu uma série de mentiras disparadas contra a vereadora. “Imagina se cai para ela o julgamento desse caso! Ela ia absolver os assassinos, não tenho dúvida”, previu, pedindo ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que se manifeste a respeito do comportamento pouco republicano e nada isento da desembargadora.
Regina defende que a morte de uma liderança mulher, negra e homossexual, interessava ao mesmo tipo de pessoas que mataram Chico Mendes e outros líderes populares. “Eles incomodam pessoas que se sentem donas ou donatárias da capitania hereditária chamada Brasil. São pessoas que acreditam que pobres não podem estar no meio delas, porque aos pobres cabe o lugar reservado a eles: a cozinha dos ricos, as roças deles, o trabalho nas fazendas dos coronéis”, enumerou.
“Cada vez que surge uma liderança popular, eles tremem, sentem-se ameaçados”, enfatizou a senadora, que defende o não-silêncio como forma de expressão e protesto. “Não é questão de tirar proveito da morte. É a forma de gritar nossa dor. Sempre gritamos alto quando perdemos alguém pelo caminho. Somos poucos. E todos os que tombam fazem falta nas fileiras da luta em defesa dos direitos fundamentais, principalmente dos mais pobres”, disse.
As ameaças, segundo a senadora, não serão suficientes para deter quem nunca se calou. “Isso nos dá coragem. A gente sabe do risco que corre quem defende direitos humanos. Há muita dor, sim. Mas nós não vamos nos calar nem recuar. Porque medo já não faz parte do dicionário da gente e a gente se inspira na música da Anistia: uma dor assim pungente não há de ser inutilmente”, concluiu.
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